Resolução de problemas sociais passa pela atuação do setor privado
26 de junho de 2024, 14h32
Não é possível falar em responsabilidade social e em resolução de problemas coletivos sem a participação de empresas privadas no processo ativo de transformação social.

Debatedores discutiram a responsabilidade social do setor privado
Essa foi a conclusão dos participantes da mesa “Responsabilidade Social: O Papel do Setor Público e do Setor Privado”, que nesta quarta-feira (26/6) fez parte do primeiro dia da 12ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da Fundação Getulio Vargas (FGV Justiça).
Participaram do debate Paula Macedo Weiss, presidente da Fundação do Museu de Artes Aplicadas; Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Banco Bradesco; Martha Leonardis, sócia do BTG Pactual; Luizinho Magalhães, diretor pedagógico do Instituto J&F; Pedro Nery, consultor legislativo do Senado do Brasil e professor do IDP; José Marinho, promotor de Justiça da 1ª Promotoria de Fundações do MP-RJ; e Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social. A moderação foi feita pelo ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal.
Filipe Almeida deu como exemplo a atuação da Portugal Inovação Social, iniciativa pioneira do Estado português que promove a inovação e o empreendedorismo social com a participação do setor privado. Segundo ele, a iniciativa se deu a partir do reconhecimento de que o setor público nunca terá competências, nem recursos, suficientes para dar uma resposta eficaz a todos os desafios coletivos da sociedade.
“Criamos instrumentos de financiamento que juntam setor privado, para cofinanciar, setor público, para dar prioridade e escala a essa experimentação, e entregamos ao setor social as soluções inovadoras”, afirmou ele.
Entre os resultados obtidos, destacou Almeida, estão 698 projetos em todo o país e a obrigação de que todos os 27 países-membros da União Europeia criem programas semelhantes ao português.
“Em geral, há um monopólio do setor público. E essa é uma grande novidade, que é quebrar a barreira do setor público, dar a mão ao setor privado e ao setor social, para eles próprios testarem soluções inovadoras. Aprovamos 698 projetos em todo o país.”
Terceiro setor
Martha Leonardis falou sobre a necessidade de que empresas colaborem com o terceiro setor para concretizar políticas de transformação social. Segundo ela, essa é uma exigência feita atualmente a todas as companhias.
“Hoje é um dever investir no terceiro setor. E as empresas têm se conscientizado muito disso, principalmente depois da pandemia: 84% das pessoas físicas no Brasil fazem doação para o terceiro setor. E as empresas começaram a atuar e a se estruturar dentro desse ambiente, principalmente a agenda em conjunto com o setor público.”
De acordo com ela, cerca de 70% dos investidores, antes de colocar dinheiro em uma empresa, consideram se há atuação com o terceiro setor.
“Os consumidores também têm essa tendência. São números relevantes. Se você não está, como empresa, investindo no terceiro setor de forma significativa, os clientes vão cobrar essa atuação.”
Paula Weiss, por sua vez, afirmou que a sociedade só tem a ganhar se todos entenderem que as responsabilidades sociais e políticas fazem parte do pacto social.
“O resto são esmolas bem intencionadas. É isso que pressupõe uma democracia plena: participação e responsabilidade individual e coletiva.”
Segundo ela, o Estado está cada vez mais incentivando a participação do setor privado e dos cidadãos na tomada de responsabilidades pelo bem comum. “Com isso, a responsabilidade social saiu da esfera da filantropia e entrou na esfera da responsabilidade política.”
Já Luizinho Magalhães apresentou como exemplo a atuação do Instituto J&F, que, entre outras iniciativas, forma jovens e os prepara para o mercado de trabalho.
Segundo ele, já ficou claro que todos ganham com o investimento: a J&F ganha porque forma profissionais qualificados para trabalhar nas diversas áreas da empresa, e o jovem ganha porque, além da formação, poderá trabalhar com o que aprendeu.
“Dentro da empresa, temos o que chamamos carinhosamente de ‘processo ganha-ganha’. Ganha a empresa porque recebe esses colaboradores altamente preparados, mas também ganha a comunidade.”
A 12ª edição do Fórum de Lisboa ocorre entre esta quarta e sexta-feira (28/6) e conta com transmissão ao vivo.
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