Nos Estados Unidos se diz que por trás de um grande advogado há sempre uma equipe bem treinada. E por trás de criminalistas de sucesso há sempre uma equipe de investigação eficiente.
Essa equação não é novidade. Mas, no Brasil, só recentemente — com a expansão da indústria jurídica — o setor de investigações ganhou corpo, profissionalismo e passou a despertar o interesse das bancas interessadas em se municiar das informações necessárias para vencer seus litígios. Um trabalho mais próximo da ciência do que o das suposições aleatórias, na base do tentativa-e-erro.
“É possível trabalhar dentro da lei e com fontes públicas de informações para buscar a verdade”, afirma Denis Leal, CEO da LIT — Inteligência e Tecnologia, que trabalha com aplicativos, ferramentas e robôs próprios, mas sem dispensar o trabalho humano. “Inteligência se faz com gente”, completa André Lopes, diretor operacional da empresa.
Sem informar nomes ou resultados, dada a natureza sigilosa do seu trabalho, Lopes e Leal enumeram algumas de suas ações, como investigação de fraudes, identificação de perfis psíquicos de criminosos, análise de conflitos, localização de bens e pessoas, cybercrimes e a observância meticulosa dos elos da cadeia de custódia.
Esses novos detetives trabalham em linha com advogados que os contratam, dentro da estratégia jurídica necessária, mas atuam também, eventualmente, no apoio ao Ministério Público, seja como assistentes, seja como expert witness (testemunha técnica).
Leia os principais trechos da entrevista com Leal e Lopes:
ConJur — Quais são os limites legais para investigações privadas?
Denis Leal — As investigações privadas da LIT são conduzidas dentro dos limites legais específicos de cada país, respeitando a privacidade, garantindo a não invasão da intimidade, a legalidade das buscas e utilizando fontes abertas, disponíveis a todos, para a coleta de informações públicas.
André Lopes — Observar conduta ética. Não só pelo dever moral como para manter a cadeia de custódia. Essas investigações são essenciais para apoiar advogados, comitês de ética, compliance, RH e departamentos internos com inteligência estratégica para tomada de decisões.
ConJur — É possível trabalhar em cooperação com as polícias e o Ministério Público?
Denis Leal — Sim, colaboramos frequentemente com as polícias e com o Ministério Público, como assistentes técnicos ou peritos ad hoc. Nossa inteligência estratégica aprofunda a análise de evidências e identifica e cruza novas informações essenciais para os processos.
ConJur — Pode descrever algum caso específico, respeitado o sigilo profissional, naturalmente?
André Lopes — Certamente. Aqui estão dois exemplos: investigamos uma colaboradora suspeita de desviar fundos de uma empresa. Nossa análise cibernética e patrimonial revelou evidências digitais e um aumento inexplicável no padrão de vida, resultando em processos criminais e cíveis bem-sucedidos.
Em uma empresa de saúde, detectamos fraudes em reembolsos através de atuação como cliente oculto, análise de correlação entre empresas, e perícia documental, levando à instauração de inquérito policial e prisões.
ConJur — Como funciona o trabalho da LIT em outros países?
Denis Leal — Nossas investigações muitas vezes transcendem fronteiras. Coletamos evidências online remotamente e, quando necessário, trabalhamos com parcerias com profissionais locais ou enviamos nossos especialistas para investigar in loco, utilizando inteligência estratégica global.
ConJur — De que recursos tecnológicos a LIT dispõe?
André Lopes — A LIT tem um laboratório próprio de tecnologia de ponta, incluindo ferramentas como Cellebrite, Tableau, Axion, drones e equipamentos de áudio e vídeo. Além disso, nossa área de desenvolvimento cria tecnologias e algoritmos específicos para casos únicos, incluindo um framework que conecta diversas fontes de informação pública, como mídias sociais, registros de propriedades e dados empresariais. Essa infraestrutura nos permite transformar dados em inteligência estratégica, fornecendo insights valiosos e permitindo uma tomada de decisão informada.
ConJur — As investigações da LIT cingem-se ao campo criminal ou abrangem também a esfera cível?
André Lopes — Nossas investigações abrangem diversas áreas: cíveis, criminais, arbitrais e trabalhistas. Identificamos patrimônios ocultos, conflitos de interesse, correlação entre partes e envolvidos, fraudes a credores e oferecemos suporte crucial em processos de justa causa, sempre fornecendo inteligência estratégica para decisões precisas.
ConJur — Em que áreas os serviços da LIT são mais requisitados?
Denis Leal — A LIT é altamente requisitada por sua capacitação no campo da inteligência estratégica em âmbito jurídico, prevenção a fraudes e resposta a incidentes cibernéticos. São soluções personalizadas, insights detalhados e garantimos eficiência, confiabilidade e conformidade legal.
André Lopes — Nossa combinação de tecnologia avançada e expertise investigativa proporciona as melhores soluções para nossos clientes, auxiliando-os na tomada de decisões informadas e estratégicas.