Atuação de Aras ajudou a evitar golpe, diz autor de livro sobre ex-PGR
4 de julho de 2024, 20h19
O trabalho de Augusto Aras à frente da Procuradoria-Geral da República foi fundamental para conter inclinações golpistas quase concretizadas nos últimos dois anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Luís Costa Pinto assina exemplar de sua obra no lançamento em São Paulo
Essa avaliação é do jornalista e escritor Luís Costa Pinto, que na noite desta quinta-feira (4/7) lançou em São Paulo o livro O Procurador. O evento contou com a presença de políticos, advogados, empresários e colegas de imprensa do autor.
A obra, em estilo de grande reportagem, trata da escolha de Aras para o cargo por Bolsonaro e mostra os bastidores da atuação do PGR em um dos momentos mais críticos da democracia brasileira.
“Ali foi muito relevante a presença do Aras à frente da PGR, e do então vice-procurador-geral Humberto Jacques, para desarticular a participação das Polícias Militares junto com o Exército e os militares golpistas de Bolsonaro”, afirmou o autor.
Bastidores da ‘lava jato’
A construção do livro teve início ainda antes de o jornalista ter qualquer contato com Aras, em um momento em que ele havia recebido uma série de documentos sobre os bastidores da atuação da PGR na “lava jato”, mas ainda não sabia como dar vazão àquele material.
Um amigo em comum propôs, então, um encontro de Lula, como o jornalista também é conhecido, com Aras. A conversa avançou para além dos documentos que o autor já tinha sobre a “lava jato” e Lula encontrou um protagonista para a sua grande reportagem. “Ali eu encontrei um fio de meada para puxar outras histórias.”
A apuração exigiu diversas outras entrevistas com Aras e com figuras de dentro e de fora da PGR, além de executivos atingidos pela “lava jato”. A autodenominada força-tarefa ganha atenção especial no livro, uma vez que Aras, no entendimento do autor, também foi fundamental para reinstitucionalizar o Ministério Público e frear um processo de criminalização da política.
Porém, o legado de Aras está hoje ameaçado, segundo o jornalista, devido à rearticulação na PGR de procuradores e sub-procuradores que cometerem ilegalidades no âmbito da “lava jato” e em outras “operações” semelhantes nos métodos.
“Esse grupo estava sendo desmontado, mas, no vácuo entre o fim do mandato do Aras e o início do mandato do (atual procurador-geral da República, Paulo) Gonet, essa turma se rearticulou lá dentro. Então, eu não sei como vai ser daqui para frente, porque a reação a essa turma da ‘lava jato’ vai ter de voltar algumas casas no enfrentamento.”
Na próxima terça (9/7), o jornalista fará o lançamento de O Procurador em Brasília, no Café Daniel Briand, às 18h. Já no dia 13, haverá noite de autógrafos em Recife, no Riomar Shopping.
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