Funcionários acomodados

Delfim Netto considerava ineficiência do Estado pior que corrupção

 

12 de agosto de 2024, 18h07

O que mais prejudica o país não é a corrupção, mas a ineficiência do Estado. Foi o que disse o economista Antônio Delfim Netto — que morreu nesta segunda-feira (12/8) — em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, em 2016.

Delfim Netto, economista, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal

“A corrupção vai ser corrigida, vai voltar para o índice que existe em qualquer sociedade do mundo. O que nós precisamos corrigir é a ineficiência do serviço público, que é uma questão de administração”, assinalou o ex-ministro da Fazenda.

Na visão dele, o Estado “obviamente é ineficiente”, porque “o funcionário termina seu expediente na quinta-feira à noite e volta na terça”.

“Quando você está seguro, quando você não tem nenhum risco, sua tendência é se acomodar”, pontuou Delfim. “Quando você presta um concurso e ganha um lugar de ser inamovível, o que você vai fazer? Vai viver, em vez de trabalhar.”

Para Delfim Netto, “o homem não nasceu para trabalhar. O trabalho é simplesmente um mecanismo para a sua sobrevivência material, porque para você ser homem, você tem de ganhar a sua imunidade, você tem de exercer as suas potencialidades, e isso depende de educação e de saúde.”

O economista admitiu que cargos de Estado precisam de uma “relativa estabilidade”, mas disse que isso não é necessário nos demais empregos públicos. Ele lembrou que, até a metade da década de 1980, não havia estabilidade, exceto nos cargos de Estado.

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