Brasil e UE têm capacidade para controlar big techs, diz constitucionalista espanhol

Estados nacionais como o Brasil e estruturas supranacionais como a União Europeia, com uma sociedade organizada robusta e disposição para regular suas companhias, são os únicos que têm capacidade de impor medidas de controle às big techs, que representam ameaça às democracias por enfraquecerem a política e os Poderes estatais.

Callejón diz que empresas de tecnologia marcam nova fase enfraquecimento dos Estados

A opinião é do espanhol Francisco Balaguer Callejón, professor catedrático da Universidade de Granada, na Espanha. Ele falou sobre o assunto em entrevista à série Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito. Nela, a revista eletrônica Consultor Jurídico conversa com alguns dos nomes mais importantes do Direito e da política sobre os temas mais relevantes da atualidade.

“Outros Estados, como os Estados Unidos e China, têm capacidade, mas não têm a ideia de controle. A China controla um pouco, mas os Estados Unidos não têm a ideia de controlar as suas companhias. Então, acho que nós temos que trabalhar, sobretudo, no Brasil e na União Europeia para fazer o controle dessas grandes companhias tecnológicas no mundo”, afirma o docente de Direito Constitucional.

Estados enfraquecidos

Para Callejón, as big techs não pretendem necessariamente substituir os Estados nacionais, mas têm enfraquecido seu poder de atuação, tentando evitar a atuação política sobre as áreas de interesse dos negócios.

“Na minha opinião, o problema que temos agora é que a política ficou muito enfraquecida. No primeiro momento do século XXI, isso ocorreu pela crise econômica, por esses órgãos financeiros que passaram a controlar as condições econômicas de muitos Estados e, depois, pelas grandes companhias tecnológicas que controlam os processos de comunicação. E controlar os processos de comunicação é fazer o controle da política”, explica o professor.

“É a política que eles controlam, e eles vão enfraquecer todos os Poderes do Estado, todos os valores da democracia, então vão enfraquecer também muito a democracia”, completa o constitucionalista.

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