Uma conversa entre procuradores da finada "lava jato" de Curitiba sugere que o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol articularam ataques ao ministro Bruno Dantas, atual presidente do Tribunal de Contas da União.
O diálogo é de 15 de junho de 2018. Nele, Dallagnol disse a um colega que faria, a "pedido da Justiça Federal", uma nota "dura" e "agressiva" contra Dantas por criticas feitas pelo ministro a Moro em uma entrevista ao jornal O Globo.
Na ocasião, Dantas criticou uma decisão de Moro de barrar a utilização de provas colhidas na "lava jato" por órgãos do governo em acordos de leniência. O ministro do TCU chamou a atitude de "carteirada".
"Se estamos falando de cooperação, não pode haver espaço para uma carteirada de um dos atores que está na mesa de discussão. Alguém pretender dizer: 'Olha, esse elemento de prova é meu e ninguém pode usar'. Não é assim que se age no Estado de Direito", disse Dantas na entrevista.
"To fazendo nota sobre manifestação do Bruno Dantas. A pedido da JF. E será dura. Será agressiva", disse Dallagnol a um procurador identificado apenas como "Paulo", possivelmente Paulo Roberto Galvão — a conversa é reproduzida com sua grafia original.
A nota da "lava jato" de Curitiba veio no mesmo dia, em 15 de junho. O texto afirma que Dantas fez um "ataque absolutamente infeliz, inadequado, injusto, abusivo e gratuito ao juiz federal Sergio Moro".
Dantas disse à Veja que avalia processar Moro e Dallagnol e que pedirá ao Supremo a cópia dos diálogos.
"Pedirei ao STF cópia de todos os diálogos para avaliar providências legais. Se forem verdadeiros, comprovam o incesto havido na 'lava jato' e revelam um bando de pistoleiros de aluguel recebendo uma encomenda de assassinato de reputação", afirmou.