Prestação de serviços

Hacker da 'vaza jato' diz que pretendia invadir celular de Alexandre de Moraes

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7 de fevereiro de 2023, 11h31

O hacker Walter Delgatti Neto, famoso por ter interceptado mensagens trocadas entre procuradores da "lava jato" e o ex-juiz Sergio Moro, afirmou que também tinha planos para invadir o celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. 

Reprodução/CNN
Walter Delgatti Neto, o hacker da "vaza jato"Reprodução/CNN

Delgatti tentou clonar o chip de celular usado por Alexandre, para vasculhar seus dados em busca de informações comprometedoras. O caso foi revelado pela jornalista Amanda Audi, que participou da cobertura da "vaza jato" no Intercept, mas hoje trabalha no site The Brazilian Report.

A ideia era contratar alguém — como um funcionário de uma empresa telefônica — para fazer um novo chip com o número do magistrado, golpe conhecido como "SIM swap". Assim, seria possível obter ligações, mensagens e aplicativos da vítima sem o acesso físico ao celular.

Segundo Delgatti, a invasão foi tramada por sua própria iniciativa. Porém, em áudios trocados com outro hacker, ele cita "um pessoal" que iria "pagar por trás".

Relação com o bolsonarismo
Delgatti também informou que presta serviços de administração de redes sociais e de site para a deputada bolsonarista Carla Zambelli, por R$ 6 mil mensais. Ele contou que abriu uma empresa para isso.

O contrato com a deputada está ativo desde agosto do último ano. Naquele mesmo mês, Delgatti se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em encontro intermediado por Zambelli.

A parlamentar disse à imprensa que as conversas buscavam encontrar fragilidades nas urnas eletrônicas. Porém, a revista Veja já publicou que o hacker teria recebido a proposta de assumir a autoria de um grampeamento ilegal de Alexandre.

A empresa de Delgatti não consta na prestação de contas da campanha ou do gabinete de Zambelli. Ao The Brazilian Report, ela disse que o hacker nunca trabalhou para ela e que eles não teriam relações "no que tange a grampear o Moraes".

Rede de serviços
Os planos de Delgatti para tentar invadir a privacidade de Alexandre foram confirmados por outro hacker, que falou com o The Brazilian Report sob condição de anonimato. A fonte contou que foi procurada por Delgatti, com quem já havia trabalhado anteriormente, para buscar ajuda no plano de clonagem do chip.

Na ocasião, Delgatti ofereceu ao outro hacker R$ 10 mil em dinheiro ou Bitcoin pelo serviço de SIM swap. Também disse que haveria "um pessoal pagando por trás".

Delgatti inicialmente confirmou os relatos. Mas, no último domingo (5/2), mudou sua versão e disse que os R$ 10 mil seriam, na verdade, referentes a um serviço de 2019. Ele não soube justificar, no entanto, por que mencionou pagamento por Pix — sistema que só foi lançado em 2020.

O hacker do caso conhecido como "vaza jato" foi investigado e acusado de invadir celulares de quase 200 autoridades em 2019. Atualmente, ele está em liberdade condicional e cumpre diversas medidas cautelares — dentre elas, a proibição de acessar a internet.

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