Consultor Jurídico

Condado dos EUA encontrou solução para acúmulo de processos

29 de agosto de 2023, 11h45

Por João Ozorio de Melo

imprimir

Quando as autoridades do Condado de Fulton, na Geórgia (EUA), decidiram fazer alguma coisa para acabar com o acúmulo de processos, gerado pelo fechamento das cortes, em 2021, por causa da Covid-19, elas tomaram uma medida generosa: alocaram uma verba de US$ 75 milhões para o Judiciário local — 37,5% de uma verba federal de US$ 200 milhões que receberam para implementar programas de recuperação da crise.

freepik
As autoridades do Judiciário do condado responderam com um plano para reduzir rapidamente o acúmulo de 148.209 processos. De acordo com o inventário, havia 75.447 processos atrasados nas cortes, 16.300 na Promotoria no condado e 56.462 na Procuradoria-Geral.

Em 6 de dezembro de 2021, o Judiciário local lançou o "Projeto Orca" (porque as autoridades gostam de dar nomes a suas "operações") — assim chamado em referência à "baleia assassina" do filme de 1977, uma vez que o objetivo era "matar" o acúmulo de processos.

Segundo um novo inventário, finalizado em 31 de julho deste ano (pouco mais de um ano e meio após o lançamento do projeto), o Judiciário do Condado de Fulton conseguiu resolver 108.661 casos (73,3% do acúmulo inicial).

Ainda restam 39.548 casos acumulados: 28.569 nas cortes, 1.959 na Promotoria e 9.020 na Procuradoria-Geral. Mas, com tanto dinheiro, não há acúmulo de processos que resista. O Judiciário tem até 31 de dezembro de 2024 para aplicar a verba, mas não será necessário tanto tempo.

Os administradores do projeto vêm fazendo as contratações de profissionais e funcionários que precisam para executá-lo: 75 para as cortes (além de nove escrivães), 61 para a Promotoria, 31 para a Procuradoria-Geral, 15 para o escritório de xerife, 12 para o escritório do marshal e 17 para a Defensoria Pública.

Além disso, aumentou os salários dos defensores públicos e do pessoal dos escritórios do xerife e do marshal. No entanto, ainda há deficiência de pessoal nos diversos departamentos, por dificuldade de contratar e manter interessados no emprego. Em um mês, foram contratadas 10 pessoas e quatro pediram demissão; no outro mês, foram contratadas mais 10 e duas se demitiram.

Esvaziamento das cadeias
Para reduzir a população carcerária de 3.623 presos, o sistema contratou 20 defensores públicos, em caráter temporário, para representar 60 presos em cadeias públicas e adicionou quatro novos juízes para julgamentos criminais. As cortes estão julgando casos criminais aos sábados, de 20 a 50 réus por semana.

A administração das cadeias, sob a responsabilidade do xerife do condado, dobrou o número de veículos para levar os presos às cortes, instalou o software Odyssey para gerar relatórios, indicando, por exemplo, quais presos já foram denunciados e quais não foram.

Além disso, instalou na cadeia principal do condado mais cinco cabines equipadas com o software de videoconferência Zoom, para os presos se comunicarem, de maneira segura, com seus advogados e participarem de audiências da corte.

Agora, os presos que esperavam por mais de 100 dias para a primeira audiência na corte, a fazem em 14 dias ou menos. O procurador-geral Keith Gammage, ex-defensor público, disse ao site Law.com que cada caso que recebia demorava de 18 a 24 meses para ser processado. Agora demora menos de 90 dias.

Ele disse ao Law.com que "o sistema de justiça do Condado de Fulton se tornou um modelo e um farol para outras jurisdições no estado da Geórgia e para outros condados do país, que pedem informações sobre o projeto".

Mas deve ser para conhecer os detalhes do projeto, porque, para resolver o problema de acúmulo de processos na justiça, o elemento principal é óbvio: dinheiro é a solução.

Com informações do Law.com e dos relatórios do site do "Projeto Orca" (que podem ser baixados em PDF, mas não abrem automaticamente; vão para a pasta de download).