Conúbio espúrio

Aldo Rebelo afirma que agenda ambiental esconde cobiça comercial pela Amazônia

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30 de setembro de 2022, 13h54

A forte campanha internacional contra o desmatamento no Brasil esconde interesses econômicos. A tese é defendida pelo candidato ao Senado por São Paulo Aldo Rebelo (PDT), que foi ministro da Defesa, presidente da Câmara dos Deputados e relator do Código Florestal.

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Aldo Rebelo afirma que 'não há desmatamento descontrolado na Amazônia'

Na contramão das críticas internacionais sobre a destruição da floresta, Rebelo afirma que "não há desmatamento descontrolado na Amazônia" e que as modalidades ilegais dessa prática devem ser reprimidas, mas que o que acontece na floresta é "uma tragédia de erros e equívocos" (clique aqui para ver o vídeo de Rebelo).

A intenção já foi tema de artigo de um professor de Harvard na Foreign Affairs, sob o título "Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia?". Ficou dado o mote sobre a hipótese de invocação dos artigos 1º, 39 e 42 da Carta da ONU para autorizar o uso da força contra um Estado, em caso de ruptura "da paz internacional", equiparando-se a ruptura à "inércia" do Brasil em lidar com um "ecocídio na Amazônia" — como afirmou o constitucionalista português Carlos Blanco de Morais.

Segundo Aldo, o ambientalismo pode carregar interesses legítimos, mas também pode ser o vetor para a interferência de países fortes sobre nações frágeis.

"Existe uma abordagem da questão da Amazônia, a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs, que tratam a floresta como um santuário desantropizado. Ou seja, para essas pessoas, parece que não mora ninguém na Amazônia. E lá vive a população mais abandonada no Brasil, que são os índios e ribeirinhos, com a mais alta taxa de mortalidade e analfabetismo", afirma ele.

O candidato recorre à história para se explicar: "O Tratado de Tordesilhas não apareceu por acaso. Em 1492, as duas potências coloniais do mundo (Portugal e Espanha) já disputavam aquilo ali. Fizeram um tratado. As crônicas do século 19 registram a presença da Marinha americana no Rio Amazonas".

O ambientalismo contemporâneo é a face visível de muitos interesses, insiste. "Um legítimo, de proteção do meio ambiente ameaçado pela degradação. Mas, ao mesmo tempo, como todas as bandeiras carregadas de generosidade, elas também servem a outros interesses. É como fazem com a democracia e a liberdade. Na época da União Soviética, queriam a democracia para protegê-la da ameaça totalitária, davam um golpe de Estado e colocavam um regime militar no poder. Um Videla, um Pinochet…Tudo isso em nome da democracia. A ironia da história, como diz um pensador americano, é querer o bem e produzir o mal."

Aldo Rebelo cita o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, que escreveu um livro chamado Terra em Balanço. Com o fim da União da Soviética, escreveu o americano, os EUA perderam sua grande bandeira de interferência na vida das outras nações. "O meio ambiente passou a ser essa bandeira, que é humanitária, generosa. A luta pelo meio ambiente permite a interferência dos países fortes na vida e nos assuntos internos dos países mais frágeis. A esquerda, muitas vezes, embarca gratuitamente. Mas essa ameaça concreta não vem da esquerda, que se equivoca nessa agenda."

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