Setembro Amarelo e o cenário da saúde mental na advocacia
13 de setembro de 2022, 11h04
A advocacia, infelizmente, tem sido fértil ao desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade, pânico e burnout. Portanto, entre o dia 11 de agosto, Dia do Advogado, e o dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (a justificar o "Setembro Amarelo"), releva que esse debate desponte na vida de todos os profissionais de Direito, destacadamente os da advocacia.

Sabe-se também que a incidência dessas doenças mentais aumentou de forma preocupante durante e após a pandemia de Covid-19. Dificilmente conversaremos com colegas que não conheçam ou não tenham passado por dificuldades emocionais que culminariam inclusive no início de tratamentos psiquiátricos. Tanto é assim que a Folha de S.Paulo, em matéria na qual apresentou a relevante piora da saúde mental dos brasileiros nos últimos anos, apontou que o índice de suicídio no Brasil dobrou nos últimos 20 anos, sendo na visão da Organização Mundial da Saúde (OMS) um aumento alarmante.
Transtornos mentais têm acometido a advocacia de forma epidêmica. Esse cenário merece a atenção individual e coletiva para a prevenção de seu alastramento. Quais atitudes podem ser tomadas? Individualmente, a percepção de que algo não está no lugar e que é necessário buscar ajuda profissional; coletivamente, estimular a busca de tratamentos necessários para cuidado, prevenção e recuperação (como através de medidas de debate, estudo e conscientização sobre o tema e os sintomas e, para o meio advocatício em especial, a revisão de culturas jurídicas laborais que porventura se mostrem potencialmente tóxicas à saúde mental e insustentáveis).
A Caasp tomou iniciativa bastante relevante durante a pandemia ao divulgar cartilhas didáticas para debate e tomada de consciência sobre o tema "saúde mental" — o programa também oferece assistência psicológica com preços menores que os normalmente praticados por profissionais da área.
As pessoas são a matéria-prima da advocacia de qualidade; suas mentes, por sua vez, são a raiz dessa existência. Como pode um produto jurídico ser funcional se o meio em que ele é encontrado e produzido é disfuncional às mentes que lhe dão existência? Não é uma contradição "em termos", é uma contradição total — e essa contradição causa a fagocitação de seus agentes.
É muito importante que todos se cuidem, cuidem dos seus, cuidem de seus entornos, sempre mantendo os olhos abertos a quaisquer sinais de adoecimento mental ou de ambiente que o propicie. Comuniquem-se para serem honestos consigo e com os seus convivas. O Setembro Amarelo serve, e servirá especialmente neste ano de 2022, para toda a advocacia repensar integralmente suas práticas sobre sua própria razão de ser: as pessoas.
Exercer a advocacia com dignidade e buscar o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas é parte da promessa que todos fizemos quando buscamos a nossa "vermelhinha".
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