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Dirigente da OAB-RJ apaga post pró ato golpista após intimação

2 de novembro de 2022, 16h57

Por Redação ConJur

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A advogada Vivian Ramôa, coordenadora da Comissão de Prerrogativas da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil junto ao sistema penitenciário, defendeu um golpe militar nas redes sociais. Após intimação da OAB-RJ, a publicação foi excluída.

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Bolsonaristas em frente ao Comando Militar do Leste (CML), sede das Forças Armadas no Rio de Janeiro
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Vivian postou no Instagram uma "convocação nacional" que ocorreu na manhã desta quarta-feira (2/11) em frente ao Comando Militar do Leste, no Centro do Rio de Janeiro. A imagem tinha o rosto do presidente Jair Bolsonaro (PL) — derrotado na eleição de domingo pelo ex-presidente Lula (PT) — e um emoji de um militar prestando continência, tingidos pelas cores da bandeira do Brasil.

Abaixo da foto, a advogada publicou o seguinte texto: "Eu confirmo presença. Falei que iria às ruas quantas vezes forem necessárias. Eu não blefo. Pela minha pátria, pela minha família, pela minha liberdade, eu digo irei e não vou cruzar meus braços. Patriotas, estaremos juntos".

Seguidores de Vivian Ramôa questionaram a postagem. "Uma advogada, atuante dentro da instituição [OAB-RJ], pedindo intervenção militar? É isso mesmo que estou lendo? Essa postagem tem que ser imediatamente encaminhada para a seccional", comentou um homem.

Vivian respondeu o seguinte: "Isso é uma afirmação ou indagação? Fique à vontade… quem está postando é Vivian Ramôa, que é cidadã e tenho o direito de publicar o que eu quiser".

A OAB-RJ tomou conhecimento da manifestação e questionou a advogada. Em seguida, a publicação foi excluída.

"Entendemos que a OAB-RJ é um bastião da defesa da democracia, do Estado de Direito, e não compactuamos com qualquer posição contrária. Estamos apurando internamente, respeitando o contraditório", disse o presidente da seccional, Luciano Bandeira.

Pedido de golpe
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) protestam contra o resultado das eleições desde a manhã desta quarta-feira (2/11) na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro, em frente ao Comando Militar do Leste (CML). Os manifestantes pedem intervenção militar e gritam "eu autorizo".

Vestidos de verde e amarelo, notadamente com camisas da seleção nacional de futebol, os bolsonaristas seguram bandeiras do Brasil e faixas pedindo "socorro" ao Exército.

O CML é um símbolo militar carioca. Lá funciona o palácio Duque de Caxias, que é base das Forças Armadas para os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O local também é um ponto tradicional de manifestações conservadoras.

Há outros pontos de concentração de bolsonaristas na capital fluminense e também em São Paulo e em Brasília. Na capital federal, os manifestantes se reúnem no Quartel-General do Exército desde esta terça-feira (1º/11).

Bolsonaro perdeu a eleição presidencial deste domingo (30/10) para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente permaneceu 44 horas em silêncio e só se pronunciou publicamente na tarde de ontem.

Em seu discurso, o candidato derrotado não chegou a cumprimentar Lula ou reconhecer explicitamente a vitória do petista. Ele disse apenas que continuaria "cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição".

Em meio à onda de bloqueios de rodovias por parte de bolsonaristas, o atual chefe do Executivo disse que os movimentos "são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral" e pediu apenas que não houvesse "invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir".