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Sem admitir derrota claramente, Bolsonaro desautoriza baderneiros

1 de novembro de 2022, 16h53

Por Redação ConJur

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Em seu primeiro pronunciamento depois das eleições presidenciais do domingo, em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PT) não cumprimentou o rival, nem reconheceu de maneira explícita a vitória do petista. Quase 48 horas após o fim da votação, o presidente desautorizou seus apoiadores que, desde a noite de domingo (30/10), vêm promovendo bloqueios em estradas Brasil afora.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Presidente criticou protestos, mas à sua maneira: atacando os adversários
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Bolsonaro, porém, fez isso à sua maneira: não condenou de maneira enfática quem está promovendo arruaça nas estradas do país e, como sempre, preferiu demonizar "a esquerda" a falar sobre o mau comportamento de seus apoiadores. Mais do que isso, deixou claro que, embora desaprove os métodos, considera os "protestos" justos. 

"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", disse Bolsonaro em um curto pronunciamento, de aproximadamente dois minutos, sem dar aos jornalistas presentes ao Palácio da Alvorada a oportunidade de fazer perguntas.

O presidente agradeceu aos cerca de 58 milhões de brasileiros que votaram nele no segundo turno, mais uma vez se disse vítima de injustiça no processo eleitoral e se classificou como um defensor da democracia. A seu modo, evidentemente, sempre atacando o "outro lado".

"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição."

Ao fim da rápida aparição de Bolsonaro, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse aos jornalistas que foi autorizado pelo presidente a tratar da transição de governo com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, o escolhido para comandar esse processo do lado vencedor da eleição. Não passou despercebido o fato de Nogueira ter chamado Lula de presidente. 

Leia a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro:

"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.
Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.
As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade.
Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.
Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.
Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição.
Nunca falei em controlar ou censurar a mídia ou as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.
É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira. Muito obrigado".