Projeto Inocência

DNA do toque pode libertar réu preso há mais de 20 anos nos Estados Unidos

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17 de março de 2022, 7h51

O caso de Adnan Syed, condenado pela morte da ex-namorada Hae Min Lee, em 2019, mas presumidamente inocente, foi celebrizado pelo podcast "Leakin Park", da "Serial", e pelo documentário da HBO "The case against Adnam Syed". Ele já está preso há mais de 20 anos, mas, graças a uma iniciativa conjunta da advogada de defesa e da Promotoria de Baltimore, nos Estados Unidos, sua libertação se tornou provável.

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Adnam Syed está preso há mais de 20 anos em Baltimore, nos Estados Unidos
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Na semana passada, a advogada Erica Suter, que representa Sayed, e a promotora Marilyn Mosby protocolaram uma petição conjunta em uma corte de Baltimore em favor de Syed.  As duas partes pediram ao juiz que ordene a realização de testes de DNA do toque em todas as peças colhidas quando a polícia encontrou o corpo da mulher no parque, tais como roupas, sapatos, fios de cabelo, unhas, colar, um preservativo e uma corda.

Na terça-feira (15/3), a juíza Melissa Phinn ordenou à polícia que envie todos os itens colhidos durante a investigação ao laboratório Forensic Analytical Crime Lab, em Hayward, Califórnia, dentro de 15 dias.

Os testes devem ser conduzidos de uma maneira "geralmente aceita pela comunidade científica para identificação criminal forense", determinou a juíza. Os resultados devem ser conferidos no banco de dados de DNA da justiça criminal do FBI, conhecido como Codis (Combined DNA Index System).

De acordo com a petição, as duas partes estão buscando testes de DNA do toque porque esse tipo de teste pode detectar amostras de traços de células de pele deixadas pelo agressor em coisas que ele tocou quando atacou a vítima, bem como de fluidos corporais.

A advogada Erica Suter, que é diretora da Clínica Projeto Inocência da Universidade de Baltimore, e a promotora Marilyn Mosby, que chefia a Promotoria da cidade, também pediram "exames para determinar um perfil que possa ser identificado e testar os perfis de pessoas nascidas como homens".

Tais testes não foram feitos quando a polícia investigou o crime. Syed foi julgado duas vezes em 2000 e finalmente sentenciado à prisão perpétua e mais 40 anos. Ele recorreu várias vezes, sem sucesso, sempre alegando sua inocência.

Agora, a advogada Erica Suter e a promotora Marilyn Mosby confiam que esse tipo de teste mais apurado vai confirmar a ausência de DNA de Syed em todos os itens analisados e, assim, será possível convencer um juiz ou um júri de que Syed não foi o autor do crime.

Hae Min Lee foi morta por estrangulamento e enterrada no Leakin Park de Baltimore. A polícia determinou que Syed, na condição de ex-namorado, era suspeito. A polícia conseguiu testemunhas para depor contra o réu. Anos depois, elas confessaram sob juramento que mentiram. No julgamento, testemunhas que poderiam dar um álibi para Syed não foram ouvidas.

À época, foram feitos exames de DNA de unhas, amostras de sangue e do preservativo. Nenhum deles revelou DNA de Syed. O advogado de defesa argumentou que isso provava a inocência de Syed. Os promotores alegaram que isso não provava nada. Mas hoje os promotores mudaram de ideia. Admitiram que o teste de DNA do toque, que não estava disponível à época, será apropriado para julgar o pedido pós-condenação de Syed.

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