Falta de respeito

Atendente chamado de "ofensor" por não cumprir metas deverá ser indenizado

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12 de março de 2022, 16h47

A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou uma empresa a pagar R$ 5 mil de indenização a um atendente de Campina Grande (PB) nominado como "ofensor" por não ter atingido as metas de vendas exigidas. Por unanimidade, o colegiado entendeu que a empresa abusou do seu poder diretivo. 

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ThinkstockAtendente chamado de "ofensor" por não cumprir metas deverá ser indenizado

Segundo o empregado, existia uma lista que nominava os atendentes conforme o ranking de produtividade, e os que não atingissem as metas eram conhecidos como "ofensores" do grupo e diferenciados pela cor vermelha. Para se livrar da alcunha, ele disse que era preciso chegar à primeira posição, simbolizada pela cor verde, mas, para isso, a pressão psicológica era "exacerbada". 

Em defesa, a AEC negou ter praticado qualquer ato lesivo contra o empregado e defendeu a necessidade de "dissociar a pressão inerente à própria profissão, que conta com colocação de metas, da pressão que venha a resultar de excessos praticados pelo empregador". Na avaliação da empresa, não houve intenção de degradar a honra do empregado.  

O juízo da 1ª Vara do Trabalho de Campina Grande e o Tribunal Regional da 13ª Região indeferiram o pedido do atendente. Na interpretação do TRT, "apesar de ser deplorável, era apenas um termo técnico utilizado para identificar os empregados para que alcançassem as metas de trabalho". A decisão observa que o termo não era dirigido apenas ao atendente e que provas e depoimentos não apontavam para a existência de assédio moral no ambiente de trabalho.

Para o relator do recurso de revista do empregado, ministro Cláudio Brandão, a expressão utilizada pela empregadora "caracteriza forma de humilhação, escárnio, falta de respeito para com o empregado". "Tratar o empregado de forma vil e desrespeitosa não se inclui entre as prerrogativas atribuídas ao empregador, como decorrência do seu poder diretivo", afirmou.

O ministro acrescentou que é direito do empregador fixar a cobrança de metas, a fim de impulsionar os funcionários com incentivos e estímulos e, assim, aumentar a produtividade, mas que essas técnicas não se sobrepõem à dignidade humana. "Tal postura macula a autoestima e prejudica a integridade psíquica do empregado", concluiu. A decisão foi unânime. Com informações da assessoria do TST.

RR-35300-63.2013.5.13.0007 

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