O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), na última sexta-feira (10/6), pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a investigação de possíveis crimes relacionados ao cancelamento da divulgação da pesquisa eleitoral XP/Ipespe.
O parlamentar apontou o potencial cometimento dos crimes de constrangimento ilegal e de sabotagem contra o funcionamento dos serviços essenciais ao Estado democrático de Direito.
A corretora de valores XP Investimentos contratou o Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe) para fazer a pesquisa de opinião pública sobre as eleições presidenciais. Na última quarta-feira (8/6), a divulgação do resultado do trabalho foi cancelada.
Na semana passada, o instituto mostrou que 35% dos eleitores consideram a honestidade um dos atributos do ex-presidente Lula, pré-candidato pelo PT, enquanto 30% dizem o mesmo sobre o presidente Jair Bolsonaro, que deve concorrer à reeleição.
Em seguida, aliados do presidente — entre eles o filho e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) e o ex-secretário de Cultura Mário Frias — passaram a atacar a XP nas redes sociais. Ainda segundo a imprensa, ministros de Bolsonaro telefonaram para a corretora para reclamar dos resultados.
Com isso, a XP decidiu cancelar a divulgação e anunciou que a periodicidade agora será mensal, em vez de semanal. Para Falcão, as informações prestadas seriam insuficientes e não revelariam se houve eventual interferência externa.
O deputado petista aponta "indícios de que a supressão da pesquisa eleitoral tenha sido manobra política orquestrada através de atos antidemocráticos". Segundo ele, "ao que tudo indica, o veto à divulgação dos dados teve conotação eleitoreira, possivelmente fruto de abuso de poder político e de ameaças que imergem na seara criminal".
Entre as diligências sugeridas ao PGR está a juntada de informações sobre contrato, valores, registro e metodologia da pesquisa, bem como a oitiva de representantes da XP, do Ipespe e de agentes públicos, como o próprio Bolsonaro.
A petição foi elaborada pelos advogados Hélio Silveira, Marcelo Andrade, Marco Aurélio de Carvalho, Fabiano Silva dos Santos, Marco Antonio Riechelmann Jr. e Lucas Clemente.
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