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Consórcio de Curitiba deu prejuízo de R$ 600 bilhões ao país

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31 de janeiro de 2022, 19h01

A atuação do ex-juiz Sergio Moro na finada "lava jato" vem lhe trazendo vantagens financeiras. Sua fama de herói lhe garantiu um contrato anual de R$ 3,7 milhões com a consultoria Alvarez & Marsal, dos Estados Unidos, responsável pela recuperação judicial de empresas julgadas por ele. Enquanto isso, companhias, trabalhadores e o próprio Estado sofrem com os impactos econômicos causados pelas ações da autodenominada força-tarefa.

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Moro tenta ser presidente da RepúblicaReprodução

Desde o início do consórcio de Curitiba até 2020, 12 das empresas investigadas — as 11 maiores construtoras e a Petrobras — deixaram de faturar cerca de R$ 600 bilhões de receita, com relação aos seus respectivos ápices antes da "lava jato", entre 2013 e 2014.

Os números foram levantados em julho do último ano pelo Poder360. Os valores foram atualizados pelo índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA) até dezembro de 2021, pela ConJur.

A Odebrecht lidera o ranking da perda de faturamento, com R$ 290 bilhões. Em seguida vem a Petrobras, com R$ 157,9 bilhões. Outras cinco construtoras perderam em torno de R$ 20 bilhões.

Somente entre as 11 construtoras, a queda de receita foi de 89% em quatro anos. A receita combinada das empresas caiu de R$ 107,9 bilhões em 2015 para R$ 11,8 bilhões em 2019.

É bem verdade que o Brasil apresentou queda do PIB em 2015, 2016 e 2020, e que o preço das commodities exportadas pelo país também caiu durante esse período. Porém, o próprio impacto das investigações da "lava jato" também pode ser encarado como uma das causas da recessão.

Muitas das empresas tiveram de fechar acordos de leniência com a "lava jato". Foram negociados R$ 22 bilhões em multas decorrentes desses acordos (mas somente R$ 6 bilhões voltaram aos cofres públicos até agora).

Com os prejuízos, as companhias foram obrigadas a fechar muitos de seus postos de trabalho de brasileiros no país e no exterior. A estimativa é de que foram eliminadas 206,6 mil vagas em oito dessas empresas (sete construtoras e a Petrobras).

Mais uma vez, a Odebrecht foi a mais abalada: 118,6 mil empregos encerrados. O quadro de trabalhadores da empresa foi reduzido em 94% a partir da "lava jato". O total de funcionários caiu de 126 mil em 2013 para 7.548 em 2020.

A Petrobras foi a segunda a mais dispensar funcionários: 29 mil. A terceira mais afetada foi a construtora OAS, com 22,4 mil empregos encerrados. A UTC, quarta colocada, tinha 16.907 trabalhadores em 2013. O número em 2020 era de 1.559. Especificamente no caso da Petrobras, a empresa já vinha reduzindo seu contingente de funcionários ano a ano, por decisão estratégica.

Para tentar se livrar do estigma da corrupção, muitas empresas mudaram seus nomes e identidades visuais. A Odebrecht é o caso mais conhecido: desde dezembro de 2020 se chama Novonor. No mês seguinte, a OAS se tornou Metha.

Por fim, a crise instaurada nas empresas causou prejuízo aos cofres públicos. As companhias envolvidas na "lava jato" deixaram de pagar R$ 44 bilhões em impostos.

De acordo com o Ministério Público Federal, até julho de 2021 a operação teria conseguido recuperar R$ 6,6 bilhões, dentre R$ 6 bilhões na instância de Curitiba e R$ 607 milhões de ações no Supremo Tribunal Federal.

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