Opinião

Go global: estratégia e oportunidades para internacionalização das startups

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21 de janeiro de 2022, 14h11

O Web Summit 2021, que aconteceu em Lisboa na primeira semana de novembro, trouxe novas tendências nos diversos mercados, consolidando também tantas outras que já vinham despontando em edições anteriores, como o movimento de globalização da economia.

A expressão go global foi repetidamente mencionada em diversos painéis do evento, desde a estratégia de globalização de time de futebol até no contexto de colaboradores nômades digitais, acentuado pela pandemia da Covid-19.

No entanto, nenhum outro assunto parecia despertar tanto interesse do público como a globalização de startups. Ao levar em consideração o perfil típico das startups, com seus serviços de base tecnológica e produtos repetíveis e escaláveis, aparentemente trata-se de um match perfeito com essa tendência de internacionalização.

Nesse cenário, identificamos uma oportunidade muito particular nas relações Brasil–Portugal, realçada pela conexão histórica entre esses dois países, o que pode favorecer o intercâmbio de negócios.

De um lado, temos o Brasil, um grande país em extensão e em população, com mercado potencial de mais de 200 milhões de pessoas, ecossistema bastante evoluído e constituído por mais de 14 mil startups em mais de 715 cidades [1], isso sem contar relevantes hubs de inovação, como CUBO, Distrito e InovaBra.

Do outro lado está Portugal, um dos maiores hypes europeus dos últimos tempos, que, embora pequeno, levantou-se rapidamente da crise causada pela pandemia e tem liderado a retomada da zona do euro com a maior taxa de crescimento (4,9%) entre os Estados-membros da União Europeia (muito acima de potências como a Alemanha, que registrou 1,5% no 2º trimestre de 2021) [2].

No Brasil, as startups já nascem com um desafio incrível de atender a uma multiplicidade de culturas, costumes, perfis de consumo e necessidades específicas, geralmente com uma vocação natural para escalar seus serviços.

Portugal, por sua vez, tem contado com relevantes estratégias do poder público para estruturar e fortalecer políticas de fomento ao empreendedorismo inovador, com objetivo de tornar o país a principal referência no assunto. Um exemplo é o StartUp Portugal, programa lançado em 2016 pelo Ministério da Economia. Nesse contexto, vale destacar a iniciativa do Startup Visa, que auxilia empreendedores estrangeiros a obter visto e autorização de residência, bem como o suporte de uma incubadora em Portugal.

Além disso, o país tem o Web Summit, que acontece sistematicamente em terras lusitanas desde 2016 (até 2026), tendo sido palco para o anúncio de que Lisboa sediaria a European Startup Nations Alliance (Esna), nova entidade da União Europeia formada por 26 países membros, mais a Islândia, cujo foco é fomentar e assegurar o crescimento das startups nos seus diferentes estágios de desenvolvimento.

Por fim, em Portugal, além do acesso à mão de obra extremamente qualificada e a um portfólio diferenciado de fundos de investimentos europeus, os brasileiros ainda têm como "bônus" a facilidade da comunicação. Dessa forma, para startups brasileiras que tenham em seu planejamento estratégico o alcance de um mercado global, Portugal tem se destacado como uma importante porta de entrada na Europa. É a fome com a vontade de comer.

 


[1] Dados da Associação Brasileira de Startups – ABSTARTUPS, disponível em
https://startupbase.com.br/home. Acesso em 2/12/2021.

[2] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58896600.

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