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Para Márcio França, diligências da Polícia contra ele são "operação política"

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5 de janeiro de 2022, 15h34

Na manhã desta quarta-feira (5/1), a Polícia Civil de São Paulo cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-governador do estado, Márcio França (PSB). As investigações da chamada operação "raio X" miram supostos desvios de recursos da área da saúde.

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Márcio França, pré-candidato do PSB ao governo de SPWikimedia Commons

Por meio de uma publicação em seu Twitter, França alegou que as diligências são parte de uma "operação política", de cunho eleitoral, promovida por "determinadas 'autoridades', com 'medo de perder as eleições'".

"Começaram as eleições 2022. 1ª Operação Política. Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas 'autoridades', com 'medo de perder as eleições', tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa", disse.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo informou que as investigações que levaram às diligências desta quarta estão sob segredo de Justiça e que não serão divulgados detalhes, a fim de se "garantir a autonomia do trabalho policial".

O Ministério Público estadual e a Corregedoria Geral da Administração do governo paulista apuram os supostos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. 34 endereços vêm sendo vasculhados em todo o estado de São Paulo, nas regiões de Bauru, Araçatuba, Presidente Prudente, Campinas, Baixada Santista e capital.

As diligências examinam uma suposta ligação entre França e o médico Cleudson Garcia Montali, apontado como líder de um grupo criminoso que usava organizações sociais para desviar recursos por meio de contratos com prefeituras. Montali já foi preso e condenado a mais de cem anos de prisão pelo esquema.

As autoridades investigam se o médico teria feito doações para as campanhas eleitorais de França ao governo de SP em 2018 e à Prefeitura da capital em 2020. Atualmente, o político é pré-candidato de seu partido ao governo do estado no pleito deste ano.

O ex-governador afirmou também que não tem qualquer relação comercial ou advocatícia com nenhuma das pessoas físicas ou jurídicas investigadas. Também disse não ter vínculo com serviços públicos, nem com a área médica ou de saúde.

Estratégia conhecida
Em meados do último mês de dezembro, o pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, foi alvo de buscas semelhantes no Ceará. A operação da Polícia Federal apurava suspostas fraudes e pagamentos de propina a políticos na construção do Estádio Castelão, em Fortaleza.

Assim como França, Gomes também negou qualquer envolvimento com os supostos crimes e classificou o episódio como uma perseguição política.

Na ocasião, o próprio Ministério Público Federal se opôs às diligências, devido à ausência de contemporaneidade dos fatos imputados. Mais tarde, a defesa de Ciro impetrou Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal para pedir a anulação da operação da PF.

Ainda no final de dezembro, políticos e intelectuais americanos e ingleses assinaram uma carta que alertava para o risco da atuação política da PF no Brasil. Segundo os signatários, é necessário redobrar a vigilância para impedir que as autoridades se tornem instrumentos de perseguição contra adversários políticos dos governantes.

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