Rede de intrigas

Gilmar Mendes diz que ainda crê em diálogo com Jair Bolsonaro

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11 de setembro de 2021, 10h53

O volume de "informações" de segunda mão e a falta de credibilidade em tudo que publica têm causado grandes encrencas no país. Por exemplo: notícias e discursos raivosos da parte de quem embarca nas bobagens propagadas.

Rosinei Coutinho/SCO/STF
"Por isso eu disse [ao presidente Bolsonaro] que é fundamental que se busque as fontes primárias (…) para não criarmos uma guerra (…) como falsos Quixotes que estão aí a ver dragões em moinhos de vento". As palavras são do decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes em entrevista à Folha de S.Paulo.

A avaliação do ministro compreende notícias inventadas ou distorcidas de intenções ou decisões do tribunal: "Supremo decidiu isso, aquilo e o Supremo não decidiu nada", exemplifica. Mas, a partir dessas fantasias cria-se uma caricatura do STF, disse o ministro — que não vê esse problema apenas em relação a Bolsonaro, mas também na imprensa.

Gilmar apoiou a nota do presidente da República abrindo-se ao diálogo, depois do desastroso 7 de setembro — e fala de sua fé no entendimento. "Eu sou um admirador da atividade política. Eu acredito nisso. Não acho que haja solução fora da atividade política. Os operários da democracia são os políticos", diz na entrevista, dando como exemplo o papel de amortecedor desempenhado por Michel Temer. "Esse episódio (…) nessa questão da nota (possibilita) entender o significado dos políticos."

Na coleção de intrigas espalhadas, já chegou ao Planalto que o ministro Alexandre de Moraes teria planos de prender Carlos Bolsonaro e o próprio presidente. Contra o Supremo, os mexericos mais renitentes vêm dos tempos da "lava jato" — quando se quis emparedar o tribunal para submetê-lo a Curitiba.

A campanha de descrédito diminuiu com a instauração do inquérito para responsabilizar os interessados em anular o papel do STF a golpes de notícias fraudulentas. "Não fosse o inquérito das fake news" — disse Gilmar Mendes ؅— "nós, provavelmente, já teríamos derrapado para um modelo de perfil muito autoritário, porque estávamos vivendo um quadro de crescente crise, ameaça de invasão do próprio tribunal a partir de fundamentos falsos".

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