Livro dos Juízes

Parece que Moro perdeu a chance de ser presidente, diz Lavareda

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14 de novembro de 2021, 12h23

"Segundo a Bíblia — por acaso no Livro dos Juízes — Deus dá até duas oportunidades aos escolhidos. Moro seria imbatível em 2018, no apogeu da 'lava jato'. Não foi candidato. E teve uma segunda chance após sair do ministério. Em abril de 2020, com 18%, estava dois pontos atrás de Bolsonaro. Mas saiu do país e tenta hoje uma terceira oportunidade de protagonizar. Inicia agora bem abaixo (8%). É mais forte entre os eleitores mais velhos, de maior escolaridade, no Sul e Sudeste. Ainda distante de Bolsonaro mesmo nesses segmentos. Terá de disputar os 55% que elegeram o presidente", é a avaliação do cientista político Antonio Lavareda, em entrevista ao Estadão, publicada neste domingo (14/11).

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O cientista político Antonio Lavareda
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Para o sociólogo, a filiação do ex-juiz Sergio Moro ao Podemos não é uma surpresa, mas provoca um rearranjo que aprofunda a fragmentação da terceira via, o caminho do meio entre o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Temos o ex-juiz no Podemos, prévias no PSDB (21/11) e Bolsonaro migrando para o PL (ainda sem data confirmada). Vale citar o nascimento do União Brasil, da fusão DEM e PSL, que passa a ser a maior legenda do país uma vez registrada no Tribunal Superior Eleitoral. Ciro Gomes inaugurou a movimentação, retomando as rédeas do PDT na votação da PEC dos Precatórios. Desses fatos, cuja importância agita o noticiário e dá visibilidade aos pré-candidatos, não se deve aguardar grandes alterações nas pesquisas. De Moro a Lula, nenhum desses nomes saiu das listas testadas mês a mês pelos institutos. Lula, seguido por Bolsonaro, deve se manter na liderança, com a terceira colocação disputada por Ciro e Moro. Além do presidente, os demais candidatos prefeririam que o ex-juiz ficasse fora da disputa; ele amplia a fragmentação e dificulta a decolagem de um nome da terceira via."

Sobre o discurso de filiação de Moro semana passada, ele procurou deixar a imagem de alguém monotemático. "Como a última pesquisa Ipespe mostrou, 44% dos brasileiros querem que o próximo presidente se dedique aos temas econômicos na largada do mandato, ao passo que apenas 6% querem vê-lo priorizar o combate à corrupção".

"O esforço inicial, correto, de Moro, não será uma tarefa fácil, pois ele chega impregnado pela longa exposição na mídia como juiz e, depois, como ministro de Bolsonaro."

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