De volta para o futuro

Epidemia foi marco para um tribunal mais contemporâneo, diz presidente do TRF-1

Autor

5 de novembro de 2021, 7h30

*Reportagem publicada no Anuário da Justiça Federal 2021, lançado nesta quarta-feira (3/11) pela TV ConJur. A publicação está disponível gratuitamente na versão online e à venda na Livraria ConJur, em sua versão impressa.

A epidemia do novo coronavírus no país trouxe mudanças significativas na atuação do Poder Judiciário. Para dar continuidade à prestação jurisdicional respeitando os limites impostos pelo isolamento social, tudo passou a operar de forma remota. No Tribunal Regional Federal da 1ª Região não foi diferente. A nova direção da corte, que assumiu em abril de 2020, teve grandes desafios ao longo do ano para se adaptar à nova realidade.

“O ano de 2020 jamais será esquecido, seja pelas dificuldades enfrentadas com a pandemia de Covid-19, seja pelas conquistas alcançadas por causa ou apesar da pandemia”, afirmou o presidente do TRF-1, I’talo Mendes, em mensagem no Relatório de Gestão 2020. “Os acontecimentos de 2020 impactaram a gestão de forma generalizada, com reflexos drásticos em todas as áreas e esferas da Justiça Federal da 1ª Região. A superveniência da pandemia revelou-se como um marco para o início de um tribunal mais contemporâneo, com novo modelo da prestação jurisdicional”, avaliou o desembargador.

O atendimento presencial foi suspenso por meses e o trabalho de juízes, servidores e colaboradores passou a ser remoto, fato que resultou na economia de recursos orçamentários devido à diminuição do uso dos prédios. A corte aproveitou o momento para oferecer capacitações e
treinamentos online e também para acelerar a digitalização de processos e a migração para o processo judicial eletrônico (PJe).

De acordo com a Presidência do tribunal, em agosto de 2021, 73% do acervo total da corte já tramitava no PJe. Destes, 27% foram migrados de outros sistemas e 46% autuados originalmente no PJe. Os processos físicos estão em fase de digitalização e migração para o sistema, “mas podem ser movimentados pelos magistrados e servidores que atuam presencialmente, o que, na maioria da Região, está permitido com a limitação de presença física no local de trabalho de até 25% do quadro de pessoal da unidade, como medida de segurança para evitar o contágio do coronavírus”, afirmou a Presidência.

O TRF da 1ª Região também tem investido no aprimoramento de seus dados e na transparência. No final de 2020 adotou a plataforma Microsoft Power BI para divulgação da sua produtividade. Com dados atualizados diariamente, o painel é interativo e permite que seja acessada a quantidade de processos distribuídos, julgados, em tramitação e em acervo nas duas instâncias de julgamento separadamente por ano, por Seção Judiciária e por assunto, entre outros.

O tribunal também aposta na conciliação para evitar a judicialização de processos. Em 2020, foram homologados 89.593 acordos. Deste total, 80.024 foram homologados nos juizados especiais federais, 8.220 nas varas federais, 1.332 na segunda instância e 17 nas turmas recursais. Entre as iniciativas adotadas para se chegar a esse resultado está a realização de audiências virtuais. Em fevereiro de 2021, o TRF-1 foi anunciado o vencedor da 11ª edição do prêmio Conciliar É Legal, do Conselho Nacional de Justiça, no Eixo Produtividade.

Essas medidas não conseguem fazer frente aos dois grandes desafios da Justiça Federal da 1ª Região: a vastidão territorial e a falta de julgadores em segundo grau. A corte atende a 13 estados de diferentes regiões e realidades brasileiras mais o Distrito Federal. E conta com apenas 27 cargos de desembargadores, número insuficiente, segundo o presidente do TRF-1, I’talo Mendes: “A despeito de ser o tribunal de segundo grau com maior produtividade no país pelo índice IPC-Jus do CNJ, o grande número de recursos e incidentes que recebe, aliada à complexidade das demandas, impede a resolução rápida de todos os processos”, explicou.

O gigantismo territorial da 1ª Região e a escassez de mão de obra jurisdicional no TRF-1, no entanto, estão em vias de serem superados. Em setembro de 2021, o Senado Federal aprovou a criação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, com sede em Belo Horizonte, que pretende levar um terço da demanda da 1ª Região. Em outubro, o presidente da República sancionou o projeto.

Clique aqui para ampliar a imagem

Outro projeto de lei (PL 5.977/2019), também de iniciativa do STJ, propõe a criação de 57 novos cargos de desembargadores federais, dos quais 16 vão para o TRF-1. A corte passaria a contar, assim, com 43 integrantes. Com a criação do TRF-6, esse número cairia para 25, já que 18 seriam deslocados de Brasília para Belo Horizonte. Nenhum dos dois projetos vai gerar custos para a União, uma vez que o orçamento do novo tribunal será o mesmo recebido pela Seção Judiciária de Minas Gerais, de acordo com o projeto de lei. E os novos cargos de desembargador serão criados a partir da transformação de cargos vagos de juiz substituto.

Em 2020, o TRF-1 julgou mais processos do que distribuiu. No entanto, se comparados os anos de 2019 e 2020, a quantidade de distribuídos e julgados diminuiu. Em 2020, foram distribuídos 123 mil processos, o que representa uma queda de 23% em relação a 2019, quando foram distribuídos 161 mil processos. Os julgados passaram de 177 mil em 2019 para 162 mil em 2020, queda de 8%. Já o acervo apresentou aumento de 3%, passando de quase 552 mil para quase 569 mil processos. Até junho de 2021, foram distribuídos 65 mil e julgados quase 80 mil processos. O acervo era maior que o de 2019 e 2020, com 577 mil processos. Somadas primeira e segunda instâncias, o acervo ultrapassa 4 milhões de processos.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, Kassio Nunes Marques tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal em novembro de 2020. O TRF-1 também perdeu Jirair Mereguian, Hilton Queiroz e Francisco Neves da Cunha, que se aposentaram. Duas cadeiras foram preenchidas por César Jatahy, em 2020 e, Rafael Paulo, em 2021. Indicada para a outra vaga, a juíza Maria Maura Martins aguardava nomeação em setembro de 2021.

ANUÁRIO DA JUSTIÇA FEDERAL 2021
Versão digital: anuario.conjur.com.br ou pelo app Anuário da Justiça (acesso gratuito)
Versão impressa: disponível exclusivamente na Livraria ConJur (332 páginas, R$ 40)

Veja quem apoiou esta edição do Anuário da Justiça Federal
Advocacia Fernandes Hernandez
Ayres Britto Consultoria Jurídica e Advocacia
Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça & Associados
Bottini e Tamasauskas Advogados
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Dannemann Siemsen Advogados
Décio Freire Advogados
Deneszczuk Antonio Sociedade de Advogados
De Rose Martins, Marques e Vione Advogados Associados
Dias de Souza Advogados Associados
Duarte Garcia, Serra Neto e Terra Advogados
D’Urso & Borges Advogados Associados
Fontes Tarso Ribeiro Advogados Associados
GOfit
Instituto dos Advogados Brasileiros
JBS S.A.
Machado Meyer Advogados
Milaré Advogados
Moraes Pitombo Advogados
Nelio Machado Advogados
Original 123 Assessoria de Imprensa
Pardo Advogados & Associados
Pedro Scurato Sociedade Individual de Advocacia
Sergio Bermudes Advogados
Técio Lins e Silva, Ilídio Moura & Advogados Associados

Autores

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!