Opinião

Euclides Scalco, exemplo de político e de cidadão

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30 de março de 2021, 13h39

"Uma grande figura deste parlamento, pessoa do maior reconhecimento político, exemplo de vida. Nosso grande líder, chegou em Francisco Beltrão, minha terra natal, em 1959, trabalhando pelo povo. Este homem, meu padrinho político, foi um referencial de honradez, dignidade e honestidade deste parlamento por muito anos".

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Quem fez esse discurso, no plenário da Câmara, no dia do falecimento de Euclides Scalco, foi o deputado Nelsi Maria Vermelho. Ele se referia ao cidadão que nasceu dia 16 de setembro de 1932 e ao político que não tem data certa de seu nascimento. Tanto pode ter sido quando seu pai, Elias Scalco, foi vereador (52-56) e prefeito de Guaporé (56-60), no Rio Grande do Sul, como quando se elegeu vereador por Francisco Beltrão, no Paraná, em 1960, como o mais votado.

Em 1962, seu amigo médico Walter Pécoits, prefeito que assumira em 1960, elegeu-se deputado e, como não havia vice-prefeito, teve nova eleição em junho de 1963. Foi quando Euclides Scalco se elegeu prefeito de Francisco Beltrão.

O mandato seria de apenas 18 meses, mas ele ainda o tornou mais curto porque se licenciou no período da campanha de 1964 para se candidatar a vereador, elegendo-se novamente com grande votação. É caso único, na história local, de após ter sido prefeito voltar para a Câmara de Vereadores.

Encerrada a segunda gestão como vereador, ficou sem cargos políticos por seis anos. Foi o período em que, como farmacêutico-bioquímico, tornou-se sócio da Policlínica São Vicente de Paula (até hoje o maior hospital particular do município), junto com os médicos Walter Pécoits e Mário Vargas Junqueira da Rocha.

Em 1974, voltou à política como suplente de senador de Francisco Leite Chaves. Em 1978, iniciou uma série de três gestões seguidas como deputado federal pelo MDB, que depois virou PMDB (e agora é MDB novamente). A cada eleição, aumentava sua votação: em 1978, fez 33.625 votos; em 1982, 55.240; e em 1986, 64.222.

No seu período como parlamentar, o deputado Euclides Scalco apresentou dois projetos de decreto legislativo e dez projetos de lei, destacando-se entre eles o PL 5802/1990, que aplicava aos sindicatos de trabalhadores rurais as disposições legais do artigo 8º da Constituição da República; o PL 4895/1990, que dispunha sobre contratação e demissão de servidor público no período que antecede as eleições, até o término do mandato de titular de cargo eletivo; e o PL 3814/1980, que tornava obrigatório o transporte de trabalhadores em ônibus.

Em 1990 não concorreu à reeleição porque foi candidato a vice-governador do Paraná, não se elegendo. Mas seguiu na política ocupando cargos federais, como diretor-geral da Itaipu Binacional e ministro do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Um homem notável
FHC, Pedro Simon, Mário Covas, Pimenta da Veiga e Ulisses Guimarães são alguns dos muitos nomes de destaque da política nacional com quem ele convivia e que o definiram com frases como as que seguem, tiradas dos livro "Euclides Scalco, o homem, seu tempo e sua história", publicado por seu filho Carlos e pelo sobrinho Marcos Antonio Bastiani em 2020:

"Assim foi e é Euclides Scalco: um homem notável. Junta a ação prática à crença firme em seus valores, tanto em sua vida privada como pública" — FHC.

"Queremos buscar um homem de bem, traga o Scalco; queremos buscar um homem digno, correto, traga o Scalco; queremos trazer um homem que é exemplo para o Brasil, traga o Scalco" — senador Pedro Simon.

Fundador do PSDB, Scalco também conviveu com altas figuras políticas do Paraná, como o governador José Richa, que assim o definiu: "A vida de Euclides Scalco é a trajetória de uma personalidade moldada por várias épocas, mas sempre pautada pela coerência de sólidos princípios"

Único e eterno amor
No lado familiar, a esposa, Therezinha Marcolin Scalco, assim se referiu ao marido no livro: "Tive dele o que não tem preço: respeito, lealdade, companheirismo, amizade, consideração, carinho e compreensão. Tudo isso também se chama amor, sentimento que ele não perde ocasião para expressar, por escrito ou pessoalmente, até por uma simples olhada…".

E Euclides, na conclusão do mesmo livro: "A meus filhos, netos e bisnetos, sem pretensão, deixo o exemplo. À Therezinha, reitero, o meu único e eterno amor".

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