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Diálogos revelam ação de braço lavajatista na Receita Federal

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15 de março de 2021, 16h43

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Procuradores da 'lava jato' exaltam "RF engajada" em diálogo enviado ao STF

Procuradores lavajatistas admitiram em caráter sui generis os métodos da operação deles e revelaram o engajamento de um servidor da Receita Federal dentro do consórcio criado a partir da 13ª Vara Federal de Curitiba.

As revelações constam em relatório enviado pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (15/3). Em conversa do dia 7 de novembro de 2015, procuradores fizeram referência à "rússia" para se referir ao então juiz Sergio Moro ou a vara sob o comando dele, na capital do Paraná (russo ou rússia).

Leia o trecho abaixo:

12:03:16 Diogo — se declinarmos atribuição vai acabar em
12:03:20 Roberson MPF —  Concordo!
12:03:40 Diogo — nao adianta sermos utópicos em achar que o raio vai cair de novo no mesmo lugar
12:04:04 Diogo — nao haverá outro moro, nao haverá outra ft, outra PF e outra RF engajada em lugar nenhum do país
12:04:36 Roberson MPF —  Concordo! O único problema é que a Rússia ta ficando cansada… Rsrs
12:04:52 Diogo
 file:///H:/CRIME/Deltan/FT-Lava Jato/_PROC/DIOGOORLANDO/JOÃO AUGUSTO HENRIQUES/informações fiscais.pdf • 12:06:00 Diogo 112541.pdf
12:06:20 Diogo — sim
12:06:28 Diogo — acho que poderia conversar com ele • 12:06:48 Diogo deixá-lo respirar um pouco

No relatório enviado ao Supremo, os advogados de Lula apontam o indício da colaboração clandestina entre procuradores e servidores da Receita para obter ilegalmente dados protegidos por sigilo constitucional.

A parceria entre membros do consórcio foi objeto de reportagem da ConJur publicada no último dia 8 de fevereiro deste ano, baseada nos diálogos obtidos pelo hacker Walter Delgatti Neto. Antes da defesa do ex-presidente ter acesso às informações por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, parte do material fora publicado pelo site The Intercept Brasil e um consórcio de veículos parceiros na série que ficou conhecida como "vaza jato".

O uso do esquema era tratado com naturalidade, segundo mostram novos diálogos entregues ao STF. Segundo o documento, a Receita funcionava como um braço lavajatista.

Os acertos ilegais eram feitos com Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe do Escritório de Pesquisa e Investigação na 9ª Região Fiscal. Pela cooperação, o servidor foi premiado quando Sergio Moro tornou-se ministro da Justiça, com o comando do Coaf (Controle de Atividades Financeiras. Clique aqui para ver palestra de Deltan Dallagnol e Roberto Leonel.

Em julho de 2015, por exemplo, os procuradores discutiam uma anotação encontrada com Flávio Lúcio Magalhães, apontado como operador de propina da Andrade Gutierrez. A lista citava diversas pessoas, entre elas ministros do STJ.

"A RF [Receita Federal] pode, com base na lista, fazer uma análise patrimonial [dos ministros], que tal?", diz Dallagnol. Em seguida o procurador informa: "Combinamos com a Receita".

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