Opinião

É hora de CPI ou de cuidar do povo?

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21 de maio de 2021, 17h08

Nos últimos dias, se tem observado um certo estremecimento entre os poderes. Não é hora. É algo tão óbvio que chega a ser primário. Não é hora de esticar a corda, pois todos podemos estar com ela no pescoço. Processos como Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), impeachment e "lava toga" sempre se transformaram em palcos mais políticos do que técnicos e, por isso, podem causar instabilidade em momento em que todos deveriam se unir para combater a pandemia que assusta e assola o mundo. Mesmo em países que registraram até maior número de óbitos não há nenhuma indicação de realização de investigações ou CPIs. Ao contrário, na Inglaterra essa proposta foi enterrada justamente por entenderem que é hora de tratar da Covid-19-19. Entretanto, no Brasil, além da instalação de uma CPI, há pelo menos 61 investigações em curso na Polícia Federal relacionadas à pandemia e vários governadores sendo investigados.

É claro que não se pode esquecer dos inúmeros hospitais de campanha contratados e até pagos e que, infelizmente, acabaram não saindo do papel, causando até prisões por recursos alegadamente desviados, bem como os bilhões de reais que foram transferidos pelo governo federal aos estados justamente para o combate à Covid-19.

Mas também não é preciso ser um analista político para perceber que o vírus se transformou em moeda ou causa política. O resultado é que há uma tendência a ver sempre somente a metade vazia do copo. Quase não se destaca o fato de que o país está prestes à marca de cem milhões de doses de vacinas distribuídas em menos de quatro meses (vários Portugais). O Reino Unido, por exemplo, primeiro país do Ocidente a iniciar a vacinação, precisou de mais de cem dias para superar as 30 milhões de doses, mesmo tendo dimensões bem menores do que a do Brasil, e é o quarto em número de vacinados, devendo, segundo os números, o Brasil passá-los em uma semana.

Pois bem, diante disso, tal como a Inglaterra, não seria a hora de uma trégua temporária, em que todos os setores da sociedade e governos (municipais, estaduais e federal) lutassem juntos para vencer o inimigo comum? Até nas piores guerras há períodos de armistícios, seja por questões religiosas, políticas e, principalmente, para cuidar dos doentes e velar os mortos.

Sem falar na disputa desenfreada entre os laboratórios, comércio de trilhões de reais, tendo a população mundial como verdadeiro repositório de cobaias e testes, até certo ponto suportado diante do quadro, rogando não apareçam eventuais efeitos colaterais graves.

É hora de paz, trégua ou armistício. Os esforços devem ser concentrados e direcionados. Não deve, por ora, haver desvios no objetivo de debelar a crise sanitária, por mais ou menos motivos que eventuais fatos possam amparar investigações em qualquer dos três poderes.

Emparedar poderes, de qualquer das esferas, e seus líderes ou membros não é exemplo para uma sociedade que não aguenta mais o uso da peste como bandeira política.

Desde quando a união faz a força? Desde sempre! Sigamos, então, com esse slogan. A sociedade brasileira sempre foi amistosa e agora clama por paz para poder se concentrar na solução do problema, pois, pacientemente, aguarda 2022, ano de eleição, ocasião em que terá de se submeter novamente à politização do tema e da especulação, bem como à caçada aos responsáveis pelo coronavírus, como se isso fosse uma reserva de "mercado" brasileira.

A sociedade brasileira espera altruísmo dos envolvidos. Isso é impossível, dirão alguns, no atual cenário, mas a esperança de dias melhores está no DNA do ser humano.

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