Sociologia do trabalho

Morre o sociólogo e cientista político Leôncio Martins Rodrigues, 87 anos

Autor

3 de maio de 2021, 17h36

O PT dificilmente conseguirá recobrar a bandeira da ética, mas não é certo por isso que os petistas históricos abandonem a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em nome de qualquer outra. São hoje "órfãos com pai vivo", disse em uma entrevista à Folha de S.Paulo, em 2006, o cientista político e professor aposentado da Unicamp Leôncio Martins Rodrigues, que morreu nesta segunda-feira (3/5), aos 87 anos.

Divulgação
Leôncio Martins Rodrigues
Divulgação

Disse na época também que o escândalo do "mensalão" contaminou toda a classe política e abriu espaço para o surgimento de lideranças carismáticas e populistas.

Um dos pioneiros da sociologia do trabalho no país, Leôncio fazia tratamento da doença de Parkinson e estava internado havia três meses no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Nascido em 1934 em São Paulo, formou-se em ciências sociais na USP em 1962. Em 1967 concluiu seu doutorado sobre "Atitudes Operárias na Indústria Automobilística", tendo sido orientado pelo sociólogo Florestan Fernandes. A partir dali publicou diversas obras sobre política e sindicalismo

Seus estudos sobre o sindicalismo lhe renderam, em 2009, o prêmio Florestan Fernandes, da Sociedade Brasileira de Sociologia.

Na década de 1990, apontava que os sindicatos eram instituições que estariam em decadência e que os empregos que surgiam no mercado eram em áreas que não favoreciam a sindicalização.

Em 1999, publicou a obra "Destino do Sindicalismo", na qual discutia o futuro dos sindicatos e das relações de trabalho.

Leôncio também participou da criação do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), grupo de pesquisa fundado em maio de 1969, em plena ditadura militar, e que reuniu nomes como Elza Berquó, Paul Singer, Cândido Procópio Ferreira e Fernando Henrique Cardoso.

Foi membro da Academia Brasileira de Ciência (ABC) e da Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de mestre e comendador.

Deixa Tereza Sadek, que estava junto com ele havia 20 anos, e dois filhos, Daniel e Luciana.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!