Opinião

A hora do jurídico estratégico

Autor

  • Marceli Brandenburg Blumer

    é sócia-fundadora da Smart Judice advogada trabalhista e empresarial especialista em Direito Tributário e em Direito do Trabalho MBA em Gestão Empresarial e em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios e membro do Comitê de Inovação da OAB-RS.

28 de junho de 2021, 16h20

"Não quero um advogado para me dizer o que eu não posso fazer. Eu o contrato para dizer como fazer o que eu quero fazer." Eis uma das mais conhecidas frases de John Pierpont Morgan (J.P. Morgan), bilionário norte-americano, apontado como um dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema financeiro dos Estados Unidos após a crise econômica conhecida como "Pânico de 1907".

Mais de um século após seu falecimento, o setor jurídico e o perfil dos advogados permanecem os mesmos, sendo uma das principais críticas do empresariado brasileiro aos profissionais da área. A falta de soluções jurídicas que levem em conta as necessidades dos clientes, o planejamento estratégico para seus negócios e os resultados esperados.

Prova disso é que, apesar das instituições de ensino superior formarem anualmente mais de 100 mil pessoas em Direito e o país contar com 1.223.008 advogados ativos no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, profissionais da área dificilmente alcançam cargos relevantes em conselhos executivos de empresas nacionais e multinacionais. Tanto é assim que na lista dos executivos mais admirados do Brasil, publicada pela Revista Forbes no ano de 2018, dos 15 profissionais listados, apenas um detinha formação em Direito, número que se repetiu em 2019.

Não há dúvidas que toda a empresa para crescer de forma sustentável necessita de apoio e consultoria jurídica. Os atos praticados dentro de uma corporação, seja comprar, vender, empregar, prestar serviços, até mesmo sua concepção e sua extinção são atos jurídicos e possuem regras a serem obedecidas, e, que todo o advogado (ou quase) possui boa comunicação interpessoal, poder coercitivo e capacidade de tomar decisões sob pressão, competências essenciais de um grande executivo, porém a falta de conhecimento de gestão empresarial e dos mecanismos que envolvem a tomada de decisões corporativas por exemplo, acaba afastando grandes oportunidades de crescimento e de negócios para esses profissionais.

Por isso, apesar da grande competitividade do mercado jurídico, advogados que buscam por formações complementares que possam lhes trazer visão de negócio e capacidade de realizar análises que vão além da legislação, com foco no alcance do melhor resultado para seus clientes, acabam saindo na frente e se destacando. Inclusive esta é a razão da grande proliferação de escritórios que utilizam a expressão "jurídico estratégico" em seus sites, redes sociais e portfólios. Contudo, antes de ser "estratégico" é preciso ser "essencial" para seus clientes, conhecer seus negócios em todas as esferas e seus objetivos a curto e longo prazo. O advogado precisa estar realmente presente no dia a dia da empresa, deixando de ser visto como um "cumpridor de prazos" e "apagador de incêndios" e fazer parte do time, somente assim o advogado poderá trazer soluções realmente estratégicas e ser visto como figura insubstituível pelo empresariado.

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    é sócia-fundadora da Smart Judice, advogada trabalhista e empresarial, especialista em Direito Tributário e em Direito do Trabalho, MBA em Gestão Empresarial e em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios e membro do Comitê de Inovação da OAB-RS.

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