Política e Direito

Judiciário, MP, PF e imprensa prejudicaram empresas em favor dos EUA, diz Lula

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23 de junho de 2021, 14h15

O Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal e a imprensa atuaram para prejudicar empresas latino-americanas e favorecer suas concorrentes dos Estados Unidos. É o que afirmou o ex-presidente Lula nesta terça-feira (22/6).

Ricardo Stuckert
Lula disse que órgãos favoreceram empresas dos EUA em detrimento das latinas
Ricardo Stuckert

No lançamento da versão inglesa do livro Lawfare: Waging War Through Law, de Cristiano Zanin, Valeska Teixeira Zanin Martins e Rafael Valim, o petista disse que foi vítima de lawfare. Os autores conceituam o termo "a cooptação do poder do Estado para fazer uso estratégico do direito para fins políticos, geopolíticos, comerciais e militares".

“Vocês sabem que eu fui condenado e que fiquei preso 580 dias, na mais extraordinário mentira já contada e arquitetada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, por um juiz, com a complacência dos meios de comunicação. É como se fosse uma quadrilha montada à serviço, inclusive, de interesses estrangeiros, por que no meu caso, teve a participação massiva do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e teve a participação massiva do Ministério Público da Suíça, contribuindo com o Ministério Público brasileiro, com juiz brasileiro, com as investigações brasileiras para corroborar a mentira contada contra mim", afirmou Lula.

Segundo o ex-presidente, o lançamento do livro é um marco da história jurídica do mundo, especialmente da América Latina e de países cujas empresas tenham conflito com companhias norte-americanas — como o Brasil.

"A tentativa de destruir a indústria de engenharia civil, de destruir a indústria de óleo e gás, de tentar… de destruir a Petrobras… Ou seja, todas as empresas que eram competitivas com empresas americanas foram processadas e algumas fecharam ou foram à falência em um processo muito sofisticado, que envolve a imprensa, o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário."

"O mundo inteiro precisa se preparar para esse novo modo sofisticado de processar adversários políticos. Aqui na América Latina, nós tivemos o meu caso, no Brasil, tivemos na Argentina, tivemos no Equador, tivemos na Bolívia, tivemos em El Salvador, e tivemos outros casos em outras partes do mundo. Esse livro é uma leitura necessária para que a gente aprenda a brigar e não permita, nunca mais, que o Poder Judiciário esteja a serviço da mentira, a serviço da falsidade, a serviço, eu diria, da destruição da luta política e ideológica em cada país", declarou Lula.

Leia a íntegra da fala de Lula e veja o vídeo:

Meus amigos e minhas amigas, hoje é um dia muito especial para os praticantes do Direito, para os defensores da democracia e para os amantes da liberdade, afinal de contas, nós estamos lançando, hoje, sobre o patrocínio da universidade King’s College, um livro chamado Lawfare. Esse livro foi escrito pela companheira Valeska Martins, pelo companheiro Cristiano Zanin e pelo companheiro Rafael Valim — três advogados brasileiros que trabalharam muito para construir esse livro, para tentar mostrar ao mundo a nova forma sofisticada em que aqueles que querem burlar o direito, estão fazendo para condenar pessoas que eles tem divergência política, econômica e ideológica. Eu estou falando do Lawfare, um livro conceitual que conta a mais sofisticada tentativa… sabe… de condenar as pessoas das quais você não concorda politicamente. Eu acho que a Valeska, o Zanin e o Valim tiveram um trabalho extraordinário, e eu gostaria que vocês lessem esse livro, que está sendo lançado agora em sua publicação em inglês — porque é importante que o mundo inteiro se dê conta da novidade de um sistema de condenação político chamado lawfare, utilizado também no Brasil contra… contra a figura de um ex-presidente do Brasil, contra minha figura. Vocês sabem que eu fui condenado e que fiquei preso 580 dias, na mais extraordinário mentira já contada e arquitetada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, por um juiz, com a complacência dos meios de comunicação. É como se fosse uma quadrilha montada à serviço, inclusive, de interesses estrangeiros, por que no meu caso, teve a participação massiva do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e teve a participação massiva do Ministério Público da Suíça, contribuindo com o Ministério Público brasileiro, com juiz brasileiro, com as investigações brasileiras para corroborar a mentira contada contra mim. Nós, graças ao Cristiano Zanin e à Valeska, graças a publicação desse livro e graças a dedicação e à competência dos meus advogados, nós conseguimos mostrar a farsa, conseguimos provar a mentira e ao mesmo tempo conseguimos mostrar a minha inocência. O lançamento desse livro é o novo marco da história jurídica, eu diria, do mundo — da América Latina, sobretudo — e dos outros países em desenvolvimento, que tenham qualquer conflito econômico de suas empresas contra empresas americanas — foi o que aconteceu no Brasil. A tentativa de destruir a indústria de engenharia civil, de destruir a indústria de óleo e gás, de tentar… de destruir a Petrobrás. Ou seja, todas as empresas que eram competitivas com empresas americanas foram processadas e algumas fecharam ou foram a falência em um processo muito sofisticado, que envolve a imprensa, o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário. Graças, e eu quero repetir, graças a competência dos meus advogados, da Valeska e do Zanin, graças à competência da publicação desse livro que agora vocês vão receber em inglês, é que a gente conseguiu desvendar esse mistério — e eu acho que o mundo inteiro precisa se preparar para esse novo modo sofisticado de processar adversários políticos. Aqui na América Latina, nós tivemos o meu caso, no Brasil, tivemos na Argentina, tivemos no Equador, tivemos na Bolívia, tivemos em El Salvador, e tivemos outros casos em outras partes do mundo. Esse livro é uma leitura necessária para que a gente aprenda a brigar e não permita, nunca mais, que o Poder Judiciário esteja a serviço da mentira, a serviço da falsidade, a serviço… sabe… eu diria, da destruição da luta política e ideológica em cada país. Quero agradecer a todos vocês que estão nos assistindo o lançamento desse livro, quero agradecer ao nosso palestrando, o nosso companheiro Alfredo Saad Filho, chefe do departamento de desenvolvimento internacional da Faculdade de Londres, Kings College, e quero agradecer também ao companheiro John Watts, que é assessor do Instituto Lawfare, e quero desejar, querido Zanin, boa sorte, querida Valeska, boa sorte, querido companheiro Valim, boa sorte. E eu quero que vocês saibam… quero que vocês saibam… que eu li o livro de vocês… não sou advogado, mas depois que eu li eu cheguei à conclusão de que todo advogado ficará muito mais advogado, ficará muito mais competente e ganhará muito mais causa e inocentará muito mais inocentes do que em qualquer outro momento da história do direito no mundo. Parabéns pelo lançamento, e que a gente consiga vender muitos livros, para que muitos advogados tenham acesso e possam defender seus clientes com a mesma competência que vocês me defenderam. Boa sorte, e um grande abraço a todos os participantes.

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