Opinião

Ao eterno mestre, com carinho

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22 de junho de 2021, 13h35

No II Encontro Mato-Grossense de Estudantes de Direito, em 2005, na Universidade de Cuiabá, o ex-governador Pedro Taques, então procurador da República e palestrante no evento, fez uma memorável distinção: "Os meros professores passam, os mestres ficam".

O professor Waldir Caldas Rodrigues — advogado criminalista que nos deixou no último dia 18, vítima da Covid-19 — seguramente foi um verdadeiro mestre, e dos grandes.

E não me refiro apenas às suas aulas inesquecíveis e às antológicas atuações nos Tribunais do Júri.

Waldir foi maestro da vida.

Sul-mato-grossense, veio para Cuiabá exercer o magistério na área da Matemática. Embora apaixonado pela docência, a decepção com a precária estrutura da educação pública (muito pior à época) o levou a percorrer outros caminhos.

Comerciante, repórter esportivo, ingressou nos umbrais da faculdade de Direito já pai de cinco filhos.

Mesmo sem condições financeiras para custear a mensalidade com tranquilidade — e, por vezes, sequer a tarifa do transporte coletivo —, não lhe faltaram os viços necessários à consagração profissional.

Dono de uma voz eloquente e de um irresistível carisma, Waldir foi uma amizade desmedida para todos os que privaram de sua companhia. Tribuno nacionalmente reconhecido e professor universitário — ou melhor, mestre —, também deixou indeléveis contribuições como membro de importantes comissões da Seccional da OAB-MT.

Em 2018, encabeçou a chapa do recém-criado Partido Novo ao Senado da República, obtendo expressiva votação diante das condições materiais de sua candidatura.

Àqueles que tiveram a alegria de serem seus alunos, amigos, colegas ou familiares, certamente é uma perda irreparável, somente se encontrando algum conforto na grata reminiscência da honra e do privilégio de tê-lo como parte de suas vidas.

À advocacia mato-grossense, mais um belo exemplo em sua história. Como bem disse o nosso presidente, Leonardo Campos, perdemos "um dos maiores expoentes na defesa da liberdade e dos direitos humanos. O Tribunal do Júri fica órfão de uma das vozes mais imponentes em prol do direito de defesa".

De minha parte, pessoalmente, fico envaidecido por ver registrado o seu nome como meu orientador de monografia, durante a graduação, como especial lembrança do cordial colega e amigo, sempre pronto para combater o bom combate.

Obrigado, eterno mestre, eternamente obrigado…

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