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Encontro discute estratégias para combate à corrupção e lavagem de dinheiro

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18 de junho de 2021, 21h54

A informalidade de diversos setores econômicos no Brasil e outros países da América Latina gera uma vulnerabilidade para a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, que pode ser suprida com projetos de inclusão financeira.

Raphael Ribeiro/BCB
Raphael Ribeiro/BCB

Foi o que disse Ricardo Liáo, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na última quarta-feira (16/6), durante o primeiro dia do 3º Congresso do Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (IPLD).

"Na medida em que você abre possibilidades para que cidadãos utilizem somente dinheiro espécie ou moedas virtuais, você aumenta os riscos de lavagem de dinheiro. Isso tudo se traduz na informalidade. A informalidade quer dizer a não percepção pelo Estado ou pela sociedade da existência econômica e social daquele ser. Então, os projetos de inclusão financeira talvez sejam os mais importantes para mitigar essa informalidade e a partir daí os setores organizados do Estado possam ter uma visibilidade melhor da existência e da necessidade de assistência dessas pessoas", ressaltou Liáo.

Ele conduziu um painel sobre estratégias internacionais para enfrentamento dos desafios e riscos às atividades de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (PLD-FT) após a crise de Covid-19. Junto a ele esteve Mariano Federici, ex-presidente do Grupo Egmont. Os debates foram conduzidos pelo presidente do IPLD, Bernardo Mota.

Federici ressaltou que o monitoramento das atividades ilícitas teve um crescimento exponencial, especialmente nos delitos de corrupção, desvio de dinheiro e subsídios da ajuda do Estado, campanhas de arrecadações fraudulentas, falsificações de vacinas e recursos médicos no mundo afora.

"Vivemos em um mundo muito complexo, com uma dinâmica transmutável, que está atravessando uma das pandemias mais graves dos tempos modernos. Por isso, os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento terrorista seguem evoluindo, devido à vulnerabilidade existente nos sistemas no marco da crise", pontuou

Ele ainda afirmou que toda crise oferece uma oportunidade, não apenas para os criminosos, mas também para os que trabalham no combate ao crime. "Aproveitamos assim para revitalizar o entendimento desses riscos e o fortalecimento das estratégias. Vamos fortalecer a capacidade de implementar soluções tecnológicas, fortalecer a interação entre as autoridades e o setor público e o diálogo e a cooperação público-privada. Vamos fortalecer o compromisso na luta contra esses delitos", reforçou.

Na abertura do congresso, a vice-presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), Elisa Madrazo, convocou a todos para um trabalho de fortalecimento do combate à corrupção: "O combate ao crime é muito essencial para a nossa saúde, para a nossa integridade e para a nossa vida. A lavagem de dinheiro está ligada ao recurso de procedência ilícita e isso causa diversos danos à sociedade".

O evento ocorre em etapas e estende até o início de setembro. Ainda participarão do congresso Sérgio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública; e o ex-ministro da Justiça, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim.

O próximo encontro ocorre na terça-feira (22/6), com o tema "Lei Geral de Proteção de Dados e seus impactos na PLD-FT".

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