Contra Abuso Estatal

Em live, Técio Lins e Silva fala sobre os júris em que atuou durante a ditadura

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23 de julho de 2021, 18h58

"Meu filho vai preso ou ele vai defender os presos." A afirmação do pai do advogado Técio Lins e Silva, o também advogado Raul Lins e Silva, revelada pela jornalista Ana Claudia Guimarães no início da live intitulada "Defesa de presos na ditadura até as milícias de hoje"', ocorrida no Museu da Justiça de Niterói, define a vitoriosa e prestigiada carreira do consagrado criminalista brasileiro.  

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O advogado Tecio Lins e Silva com a diretora do Museu da Justiça de Niterói, Simone Fontarigo, e a jornalista Ana Claudia Guimarães, no histórico Tribunal Pleno
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Na live, Técio, que participou de diversos julgamentos na época em que no prédio do hoje Museu da Justiça funcionava o Tribunal do Júri, lembrou com emoção o início de sua vida como estudante na Faculdade Nacional de Direito, na época da ditadura militar, em 1964, e da atuação no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco), uma das entidades estudantis mais atuantes na luta contra a violência estatal no período. 

"Foram tempos gloriosos na luta pela democracia e contra a violência da ditadura militar, que perseguia os estudantes e não permitia sequer que assistíssemos às aulas. Éramos diariamente massacrados, impedidos de exercer nossos direitos. Éramos punidos. Os ambientes universitários eram fechados e nós, proibidos até de assistir às aulas", recordou o criminalista ao falar, emocionado, que iniciou sua carreira defendendo os estudantes punidos por suas atuações em lutas clandestinas. 

A jornalista Ana Claudia ressaltou a atuação de Técio Lins e Silva em casos históricos de violência contra mulheres no Rio de Janeiro. E destacou o assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por milicianos que, como lembrou o advogado, eram policiais militares da ativa. Visivelmente comovido, ele falou com orgulho do resultado do julgamento. "Muito gratificante defender uma mulher, atuante, que sofreu muito, foi ameaçada, mas nunca recuou, e todos os assassinos foram condenados", afirmou. 

Técio lembrou-se ainda de um julgamento dos anos 1980, quando o Museu da Justiça funcionava como Tribunal do Júri, no qual ele participou como advogado de defesa de uma mulher que havia matado o marido em legítima defesa. 

"Naquela época em que ainda não se falava em feminismo, eu consegui que o júri a absolvesse por sete a zero. Até hoje me emociono com esse caso", contou. 

Durante a live, Técio revelou que foi vítima da Covid-19 e ficou um ano recolhido em casa, primeiro em tratamento e depois trabalhando. "Não gostei nem um pouco de ficar um ano em home office", confidenciou.  

O advogado também revelou um lado amoroso por Niterói, reforçado em vários momentos da conversa.  Ele comemorou com orgulho ter sido consagrado com os títulos de Cidadão Niteroiense e como Comendador de Niterói, juntamente com Fidel Castro, ex-presidente de Cuba.

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