O 1º do século 20

OAB-SP aprova parecer que reconhece como genocídio massacre contra armênios

Autor

19 de julho de 2021, 22h38

O Conselho da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo aprovou nesta segunda-feira (19/7) um parecer que reconhece como genocídio o massacre de cerca de 1,5 milhão de armênios pelo antigo Império Otomano (que deu lugar à atual Turquia) em 1915.

Reprodução
Cartaz armênio na luta contra o nazifascimo, na 2ª Guerra, quando o país era uma república soviética e estava contra as forças lideradas pela Alemanha de Adolf Hitler
Reprodução 

A proposição foi feita pela Comissão de Direitos Humanos da entidade após solicitação do Conselho Representativo da Igreja Apostólica Armênia do Brasil.

"A maior perversão de um genocídio é seu não reconhecimento, pois de algum modo ele ocasiona a perpetuação do mesmo, inclusive em gerações futuras", afirmam, em ofício, a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Ana Amélia Mascarenhas Camargos, e a consultora do colegiad,o Kenarik Boujikian.

"A estratégia de deportações em forma de caravanas rumo ao deserto, que dizimou milhares de pessoas, continuam a soar na vida das gerações seguintes e de toda a humanidade", seguem.

Elas ainda afirmam que o reconhecimento pela OAB-SP contribuirá para que se previna violações de direitos humanos. "O esquecimento e o silêncio são formas de repetição", dizem em ofício.

Em abril deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconheceu o massacre como genocídio.

O gesto gerou reações na Turquia. O porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin, disse que a fala de Biden "apenas repete as acusações daqueles cuja única agenda é a inimizade contra nosso país".

A violência contra os armênios começou durante o início da dissolução do Império Otomano. Alinhados com a Alemanha na 1ª Guerra Mundil, os otomanos queriam impedir que os armênios se aliassem à Rússia e ordenaram deportações em massa.

A estimativa da Armênia é que 1,5 milhão de pessoas tenham morrido de fome, assassinados por soldados otomanos ou pela polícia. Centenas de milhares de sobreviventes, forçados a deixarem seu território, buscaram refúgio na Rússia, nos EUA, no Brasil e em diversos outros países.

Oficialmente, a Turquia reconhece que morreram de 300 mil a 400 mil pessoas, mas diz que as mortes teriam ocorrido no contexto da 1ª Guerra (1914-1918), quando os armênios apoiavam a Rússia, e não como resultado de uma política deliberada de extermínio.

A maioria dos historiadores, no entanto, reconhece que houve uma política de Estado nas mortes e vê esse episódio da história armênia como o primeiro genocídio do século 20, opinião reforçada pela Associação Internacional de Acadêmicos do Genocídio.

Clique aqui para ler o parecer

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!