Após Novo Normal

Bancas seguem em home office, mas modelo híbrido pode ser adotado em breve

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18 de julho de 2021, 7h28

Até a última quinta-feria (15/7), cerca de 33 milhões de brasileiros estavam totalmente imunizados contra a Covid-19, o que corresponde a 15,3% da população. Outros 87 milhões haviam recebido apenas a primeira dose — ou 41% dos brasileiros. Segundo levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo, mais 207 milhões de doses precisam ser aplicadas para que se atinja a imunização de toda a população.

Daniil Peshkov
Cenário de escritórios vazios pode mudar com o avanço da vacinação no Brasil
Daniil Peshkov

À medida que essa meta se aproxima — principalmente se for considerada a antecipação do calendário de vacinação em alguns lugares do país —, a volta à "normalidade" — ou a reversão do que há algum tempo vem sendo chamado de "novo normal" — se aproxima do horizonte, acompanhada da revogação de restrições sanitárias impostas pelas autoridades. Assim, os setores econômicos que repentinamente tiveram que alterar a forma como operavam — como é o caso dos escritórios de advocacia — já podem se preparar para o pós-epidemia.

Segundo bancas consultadas pela ConJur, a situação é acompanhada com precaução. A maioria delas ainda continua no regime de home office e ainda aguarda novas informações para definir como será a operação até o fim deste ano. Para muitas, a adoção de um modelo híbrido entre trabalho presencial e remoto está em consideração.

Confira as informações recebidas:

Mattos Filho — Desde o início da epidemia, o escritório passou a operar integralmente no modelo home office. Apesar do cenário desafiador, a banca fechou 2020 com crescimento em relação a 2019 e seguirá adotando o modelo. A direção já estuda um plano de retorno gradual, desenvolvido com o apoio de médicos infectologistas e que será posto em prática quando a epidemia estiver controlada. Também se estuda um plano de novas diretrizes de trabalho híbrido e novos benefícios para os funcionários.

Machado Meyer Advogados — Atualmente, sua estrutura física permanece fechada, funcionando apenas para reuniões excepcionais. Não há previsão de reabertura.

Nelson Williams — O escritório aguarda a evolução da campanha de vacinação e a reabertura gradual do comércio para divulgar o plano de retomada. O regime de home office já era adotado antes da epidemia. Por ora, a operação presencial nos escritórios ocorre de forma pontual, tendo sido estabelecido protocolo de convivência, higiene e distanciamento.

Pinheiro Neto — O escritório tem intenção de voltar ao modelo de trabalho presencial, com novos padrões de flexibilidade. A direção acompanha a evolução do processo de vacinação e a flexibilização de restrições por parte das autoridades. Caso as antecipações anunciadas pelo governo se confirmarem, acredita que entre setembro e outubro começará a retomada do trabalho presencial. Um dos fatores levados em conta é a sede própria que, segundo o escritório, facilitou a adequação de todas as instalações para essa nova fase. Apesar dos bons resultados obtidos pelo sistema home office, o escritório acredita que a transmissão plena de cultura e conhecimento só é possível com o contato e a interação permanente entre os seus integrantes — o modelo de trabalho tradicional ainda não tem substituto à altura.

Demarest — Ainda não possui uma data definida para a volta de suas atividades presenciais. Como o modelo de home office mostrou-se extremamente bem-sucedido no escritório, deve adotar o modelo híbrido no futuro.

Trench Rossi Watanabe — Os escritórios da banca estão disponíveis desde janeiro deste ano para atender a demandas pontuais de clientes e à disposição de sócios, diretores e gerentes, de forma facultativa. Tudo sob um controle rígido e respeitando todas as regras e protocolos de higienização e segurança estabelecidos pelas autoridades competentes. Ainda não há data definida para retomada total, mas ela não deve contemplar os imunodeprimidos, com comorbidades ou simplesmente aqueles que não se sintam à vontade de retornar em um primeiro momento. Após a epidemia, o escritório pretende adotar o modelo híbrido com ao menos 30% de seus funcionários atuando diariamente de modo presencial. Os novos funcionários trabalharão presencialmente pelos primeiros 30 dias e as regras serão revistas a cada seis meses.

Leite, Tosto e Barros — A sociedade anunciou a retomada das atividades presenciais. O escritório aproveitou a interrupção provocada pelo isolamento para reconstruir o escritório, com divisão de espaços dentro dos protocolos referentes ao controle da epidemia de Covid-19. A banca conta com mais de 200 colaboradores. Parte da equipe continuará trabalhando de casa.

Fragata e Antunes Advogados — Andressa Barros, CEO do escritório, afirma que 98% de seus profissionais estão em home office, com exceção de pessoas específicas, por questões pontuais, que usam as instalações para reuniões com clientes, com restrições de quantidade e tomando os devidos cuidados.

Advocacia Ruy de Mello Miller (RMM) — Escritório com 60 profissionais segue integralmente em home office, mesmo com novo escritório em comemoração ao 60º aniversário. Regime híbrido será retomado após os profissionais adquirirem imunização completa contra Covid-19.

Araúz Advogados — Tem 150 colaboradores em oito unidades nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Neste momento, trabalha em regime reduzido nas unidades, facultando ao advogado o regime de home office. Nos escritórios, mantém cuidados obrigatórios de distanciamento, uso de máscaras e álcool em gel e preferência por reuniões online. Oferece o apoio necessário para trabalho remoto, com fornecimento de notebooks e acesso ao sistema de gestão de processos online.

Briganti Advogados — Escritório full-service de São Paulo atua de forma escalonada, com diversas ações voltadas ao bem-estar das pessoas. Exemplos são reuniões virtuais, distanciamento de mais de 1,5 metro entre cada baia, revezamento entre áreas de atuação e profissionais, álcool em gel em todos os ambientes e locais de passagem, uso obrigatório de máscara, horário de expediente alterado para evitar horários de pico em transportes público e suporte técnico especializado para todos os profissionais.

Schneider, Pugliese — Boutique tributária com escritórios em São Paulo e Brasília segue atuando de forma remota. O plano de retomada depende da liberação estadual para cada unidade e da imunização dos profissionais. 

Lollato, Lopes, Rangel e Ribeiro Advogados — Especializado em reestruturação de empresas, escritórios de São Paulo e Curitiba seguem com atuação em home office, sendo facultativa a forma presencial. Endereço de Florianópolis atua em trabalho híbrido, com home office e presencial.

D'Urso e Borges Advogados Associados — O escritório está fechado desde 17 de março do ano passado. Inicialmente os funcionários entraram em férias coletivas por um mês e depois foi adotado o regime de home office, que segue até hoje. O trabalho remoto seguirá até que todos os funcionários estejam imunizados. No pós-epidemia a ideia é adotar um sistema híbrido, mas ainda não há definições.

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