Profissão de risco

Comunidade jurídica se solidariza com Toron após ataque na CPI da Covid

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1 de julho de 2021, 11h16

Representantes da comunidade jurídica divulgaram manifestações de apoio ao advogado Alberto Zacharias Toron, que foi alvo de ataques durante a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a omissão do governo federal na mitigação dos impactos da crise da Covid-19.

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência SenadoOcupando momentaneamente a presidência da CPI da Covid, Otto Alencar desentende-se com Alberto Zacharias Toron, advogado do depoente Carlos Wizard

Pelo Twitter, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, afirmou que a entidade está acompanhando o caso. "Minha solidariedade e apoio público ao Dr. Alberto Zacarias Toron em decorrência das afrontas sofridas na CPI. A missão do advogado é sagrada e deve ser preservada e compreendida mesmo nas piores crises. A OAB acompanha o caso com atenção e pronta para todas as medidas cabíveis", afirmou Santa Cruz.

O jurista e advogado Lenio Streck também reservou um espaço em sua coluna da ConJur desta quinta-feira (1º/7) para prestar solidariedade ao colega. "No Brasil o exercício da advocacia virou profissão de risco. Dependendo do cliente que defende, o causídico pode ser atacado. Por isso a advocacia é para os fortes, já dizia Sobral Pinto."

Em nota, o Movimento de Defesa da Advocacia destacou que o advogado "tem o direito inafastável de ingressar ou permanecer em recinto em que funcione repartição judicial onde o advogado deva praticar ato, podendo usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas".

Ameaça na sessão
Toron acompanhava seu cliente, Carlos Wizard, na sessão da CPI, quando foi atacado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Ele criticou o fato de Wizard permanecer em silêncio, direito garantido a ele por decisão do Supremo Tribunal Federal.

O senador disse que Wizard "amarelou" na comissão e se dirigiu a Toron para afirmar que ele estava "corado" e que parecia ter "tomado banho de mar". Toron apenas respondeu que o senador estava errado, mas foi interpelado por Otto Alencar, que rebateu: "Não dei palavra ao senhor. O senhor está vermelhinho e ele amarelou."

O advogado, então, disse que Alencar tinha se referido a ele, mas não quis receber uma resposta. "Se gostei ou deixei de gostar, problema meu. O senhor se referiu a mim e não quer que eu responda. Isso é covardia", afirmou.

Nessa altura, o senador ameaçou chamar a Polícia Legislativa para retirar o advogado da sessão. "Não pode me chamar de covarde aqui não. Eu mando lhe retirar daqui. Polícia Legislativa para tirar esse senhor daqui. Tira agora. Ou senhor pede desculpa ou lhe tiro agora", ameaçou Alencar.

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