Momentos decisivos

Futuro de Donald Trump na política agora está nas mãos do Senado dos EUA

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14 de janeiro de 2021, 11h26

A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou o segundo impeachment do presidente Donald Trump na quarta-feira (13/1) por 232 votos a 197. O detalhe mais significativo foi o de que 10 deputados republicanos (o mesmo partido do presidente) votaram a favor do impeachment.

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Agora, as atenções se voltam para o Senado, que irá julgar o impeachment a partir de 20 de janeiro — ou seja, depois que ele deixar a Casa Branca. O líder da maioria no Senado, senador Mitch McConnell, confirmou na quarta-feira que não há chance de o julgamento ocorrer a tempo de remover Trump do cargo, antes do fim de seu mandato, dia 20.

No Senado, poderão ocorrer duas votações. Na primeira, os senadores vão votar pela condenação ou não do presidente, pela acusação de incitar a insurreição — o artigo de impeachment que foi aprovado pela Câmara e será apresentado aos senadores para julgamento.

Se Trump for condenado, virá a segunda votação — a que será mais importante: se os direitos políticos de Trump devem ser cassados — nos EUA, definitivamente.

A vontade de uma parcela dos senadores republicanos de cassar os direitos políticos de Trump é o que vai determinar o resultado da primeira votação, de condenar ou inocentar o presidente. Se não houver essa vontade, não haverá número suficiente de senadores republicanos para votar a favor da condenação.

Há um número razoável de senadores (como de deputados e governadores) que desejam livrar o Partido Republicano do trumpismo que tomou conta do partido nos últimos quatro anos. E que querem recuperar a identidade do Partido Republicano, que vem atendendo pela alcunha de “Partido de Trump”.

Para condenar e depois cassar Trump são necessários dois terços dos votos do Senado — isto é, 67 votos dos 100 da Casa. Ou seja, será preciso que 17 senadores republicanos se somem aos 50 senadores democratas para alcançar esse objetivo.

Existem mais de 17 senadores que aspiram livrar o partido do trumpismo. Mas os políticos terão de calcular o risco político-eleitoral de se voltar contra Trump. Cassado ou não, Trump poderá se voltar contra eles e dificultar a reeleição de muitos deles em 2022. Afinal, Trump recebeu 75 milhões de votos nas eleições de novembro. E muitos desses eleitores formam uma base eleitoral fechada com Trump.

Trump já anunciou que, nas próximas eleições, vai fazer campanha contra os deputados e senadores que votarem contra ele no processo de impeachment.

Essa é uma ameaça significativa. Tanto que, na votação na Câmara, quatro deputados republicanos, que não queriam votar a favor de Trump, também não votaram contra. E sabe-se que outros deputados, que não apreciam a força do trumpismo no partido, votaram a favor do presidente.

No entanto, entre os 10 deputados que votaram a favor do impeachment na Câmara, estava a deputada Liz Cheney, a terceira na estrutura de liderança do Partido na Casa. Terminada a votação, deputados trumpistas se apressaram em pedir a seus líderes para retirar dela o cargo. Mas isso é uma indicação da força da rebeldia no partido.

No Senado, também há nomes de peso que poderão votar contra Trump. Entre eles, está o líder da maioria, o senador Mitchell McConnell, que rompeu com Trump recentemente, e o senador Lindsey Graham, que presidia o Comitê Judiciário e é uma das vozes mais fortes do partido.

Em discurso na sessão de confirmação dos votos eleitorais, em 6 de janeiro, Graham disse que foi um dos melhores amigos de Trump, mas agora considera que “suficiente é suficiente” — um clichê comum ("enough is enough") para dizer que alguma coisa passou dos limites. Ele se referia à incitação por Trump da invasão do Congresso.

Mas não há certeza de que poderão sacramentar o impeachment de Trump e excluí-lo definitivamente da política nacional. Muitos políticos americanos se aferram à crença de que o povo não gosta que seu presidente, seja de que partido for, sofra impeachment.

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