Revolta da Vacina

Após ministro reclamar, STF inclui notícias sobre demissão de médico em clipping

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1 de janeiro de 2021, 11h14

O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, enviou ao presidente da Corte, ministro Luiz Fux, um ofício questionando o motivo de duas reportagens, uma da Folha de S. Paulo e outra do Estado de S. Paulo, não terem sido incluídas no clipping diário produzido pela Secretaria de Comunicação do STF. O clipping é a seleção das principais manchetes de um determinado dia.

Carlos Moura/SCO/STF
Ministro reclamou de falta de notícias sobre demissão de médico
Carlos Moura/SCO/STF

As notícias que não foram reproduzidas tratam da demissão do médico Marco Polo Dias Freitas, secretário de Serviços Integrados de Saúde da Corte. O documento enviado a Fux também foi encaminhado aos demais ministros do Supremo.

"O clipping geral de hoje, do Supremo, trouxe duas folhas de rosto, a saber: do jornal Folha de S. Paulo/Nacional e d’O Estado de São Paulo. A primeira, com a chamada: 'Médico do STF contesta versão de Fux sobre vacinas'. A Segunda, revelando matéria com o título: 'Demissão de médico gera atritos para Fux no STF'. Ocorre que o conteúdo do clipping não se fez com a reprodução do que publicado. Ante os ares democráticos vivenciados, somente cabe atribuir a omissão a falha ao reproduzir-se o teor das notícias. Sim, o clipping veio sem o que publicado. Considerando o quadro, requeiro a vossa excelência seja esclarecido", diz o ofício, assinado em 30 de dezembro. 

Nesta quinta-feira (31/12), Delorgel Valdir Kaiser, secretário de Comunicação Social do STF, respondeu ao questionamento de Marco Aurélio. "Cumprimentando cordialmente vossa excelência, e considerando a falha na montagem do clipping diário do STF, encaminhamos em anexo o volume completo das matérias relativas ao dia 30/12/2020".

Reserva de vacinas
As duas reportagens citadas por Marco Aurélio tratam da demissão do médico Marco Polo Dias Freitas. A exoneração, assinada por Fux, ocorreu depois que veio a público um pedido para que sete mil doses de vacinas contra o novo coronavírus fossem reservadas para o Supremo.

O documento, remetido à Fiocruz, é assinado pelo diretor-geral do STF, Edmundo Veras. O médico exonerado é citado apenas no final do ofício, apontado como responsável pela campanha de vacinação no STF. 

No último dia 23, dias depois do ofício ser enviado à Fiocruz, Fux defendeu a reserva de vacinas, em entrevista à TV Justiça. No entanto, quando a solicitação veio a público, o ministro disse que não sabia que o pedido pelos imunizantes havia sido feito. 

O médico, por sua vez, disse nunca ter assinado, em 11 anos de STF, "nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência" dos superiores hierárquicos. "Continuarei, como médico, de corpo e alma, na luta diária pela saúde e bem-estar das pessoas". As notícias sobre esse episódio foram as que ficaram de fora do clipping do Supremo.

Formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Freitas tem especialização em geriatria, mestrado em clínica médica, doutorado em Ciências da Saúde e pós-graduação em saúde baseada em evidências. Era médico clínico do STF desde 2009 e assumiu a secretaria em agosto de 2014.

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