Opinião

As perspectivas brasileiras sob a ótica da crise migratória nos Estados Unidos

Autor

  • Thiago de Miranda Coutinho

    é graduado em Jornalismo e Direito especialista em inteligência criminal coautor de três livros articulista e agente de Polícia Civil e integrante do corpo docente da Academia de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina.

30 de dezembro de 2021, 16h11

Dados revelaram o aumento vultuoso de brasileiros apreendidos por ingressarem ilegalmente nos Estados Unidos durante o período do último ano fiscal norte-americano (compreendido entre outubro de 2020 e setembro deste ano).

No ponto crítico da pandemia da Covid-19 foram mais de 56 mil brasileiros detidos na fronteira com o México. Um aumento em torno de 700% se comparado ao mesmo período anterior.

Verdadeiramente, se está diante de um cenário constrangedor no que diz respeito a direitos humanos e políticas internacionais. Um salto estatístico que representa o maior índice desse tipo de evento migratório em duas décadas!

Não obstante, por trás desses números e percentuais há informações ainda mais chocantes divulgadas pelo órgão americano de fiscalização de alfândega e proteção de fronteiras, pois escancaram a personificação dos atores brasileiros desse enredo: quase 44 mil pessoas compunham famílias inteiras e impressionantes 188 eram crianças e adolescentes (desacompanhados) tentando a travessia ilegal.

Assim, desse quadro pintado com as tintas da vergonha resultou a ascensão do Brasil ao posto de sexto país com o maior número de imigrantes detidos na fronteira dos Estados Unidos com o México, superando Cuba e Venezuela, por exemplo. Venezuela que, por sinal, lidera a lista de países onde seus nacionais pedem asilo ao México, conforme a Comissão Mexicana de Assistência a Refugiados (Comar). Ainda no ponto, segundo a ONU, estima-se que seis milhões de venezuelanos abandonaram seu país natal em busca de dignidade em outras nações.

Consequentemente, sublinha-se que o governo mexicano cancelou temporariamente o acordo de isenção de vistos com o Brasil e passou a exigir  desde o último dia 11  que os brasileiros apresentem autorização para viajarem até lá. Ou seja, se antes a realidade era o turismo rumo à paradisíaca Cancún, agora o status brasileiro mudou internacionalmente de figura.

Tais contextualizações abordadas trazem outras preocupações no tocante à realidade brasileira, cuja expectativa de melhora para 2022 começa a se esvair entre os dedos da mão calejada pela Covid-19, pela instabilidade política, econômica e constitucional (entre os poderes), e, por óbvio, ante tamanhas consequências de todo esse emaranhado tenebroso e displicente que acompanhamos perplexos.

Que venha o ano novo repleto de disposição e fé, alicerçado por Fernando Pessoa, que disse que "tenho em mim todos os sonhos do mundo"; pois, afinal de contas, como diria o samba de Arlindo Cruz, "se o passado foi ontem, amanhã o futuro virá; se eu for falar de tristeza, meu tempo não dá, não dá".

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