Em agosto, decisão de suspender monetização de perfis sobre eleições foi destaque
28 de dezembro de 2021, 8h17
A avalancha de fake news que ocorreu na eleição de 2018 provoca preocupação até hoje. E o Tribunal Superior Eleitoral se mostra atento ao problema. Em agosto, o ministro Luis Felipe Salomão, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou a suspensão do repasse de valores de monetização de redes sociais a canais e perfis dedicados a propagação de mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Segundo a PF, os investigados atuam para influenciar o eleitor a desacreditar no sistema e assim obter vantagens político-partidárias ou financeiras. As práticas são baseadas nas insinuações infundadas do presidente Jair Bolsonaro sobre uma suposta falta de confiabilidade das urnas eletrônicas.
Salomão considerou que a divulgação de informações enviesadas ou falsas extrapolaria o direito de crítica, protesto, discordância e livre circulação de ideias. O conteúdo analisado impulsionaria denúncias falsas que "já foram exaustivamente refutadas diante de sua manifesta improcedência". Ele ainda destacou que a prática é "extremamente nociva ao Estado democrático de Direito" e tem potencial de comprometer as eleições.
Na mesma semana, a temperatura política subiu com uma declaração do general da reserva Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sobre o possível uso do artigo 142 da Constituição para justificar uma suposta "intervenção militar" em caso de gravidade e tensão extrema nas relações entre os Poderes.
Questionado pela ConJur, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello rechaçou frontalmente a declaração, classificando-a como repugnante e inaceitável.
Veja as principais notícias do mês na coluna Resumo da Semana:
7/8 — Abertura de inquérito contra Bolsonaro foi o destaque
14/8 — Bolsonaro investigado em inquérito do STF foi o destaque
21/8 — Decisão de suspender monetização de perfis sobre eleições foi o destaque
28/8 — Recondução de Aras ao posto de PGR foi destaque
Bolsonaro investigado e Aras reconduzido
Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro passou a ser oficialmente investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal. A investigação foi provocada por notícia-crime do Tribunal Superior Eleitoral.
O pedido remetido ao STF é assinado por todos os ministros do TSE e diz respeito a uma live do presidente, na qual, acompanhado do deputado Filipe Barros (PSL-PR), foi divulgado o conteúdo de um inquérito da PF sobre um suposto ataque ao sistema interno do STF. Bolsonaro e o parlamentar distorceram as informações do inquérito, cujo conteúdo foi divulgado em uma rede social pelo próprio presidente.
A notícia-crime será analisada no inquérito das fake news, que apura a disseminação de conteúdo falso na internet e ameaças a ministros do Supremo.
Na última semana do mês de agosto, o procurador-geral da República, Augusto Aras, foi reconduzido ao cargo por um novo mandato por 55 votos favoráveis contra 10 contrários no Senado.
Em sabatina que durou 6 horas, Aras defendeu sua gestão à frente da PGR, criticou a imprensa e a finada "lava jato" e defendeu a separação de poderes e o respeito entre eles.
"Não permiti que o Ministério Público quisesse se substituir ao Poder Legislativo, ao Judiciário ou ao Executivo. Cumprir a Constituição é compreender a separação dos Poderes, é poder saber que o dever de fiscalizar condutas ilícitas não dá aos membros do Ministério Público nenhum poder inerente aos poderes constituídos, harmônicos e independentes entre si".
A recondução de Aras ao comando do Ministério Público foi encarada com bons olhos pela comunidade jurídica. Operadores do Direito ouvidos pela ConJur exaltaram a discrição, visão institucional e o papel de Aras em colocar limites na controversa atuação de grupos lavajatistas.
Entrevista do mês
Ela é presidente da plataforma Dados Legais, que auxilia empresas a cumprirem os prazos de atendimento aos pedidos relacionados aos direitos dos titulares de dados. A instituição desenvolveu um software que automatiza a resposta das companhias aos requerimentos de pessoas, que deve ser feita em até 15 dias. E gera documentação para as empresas comprovarem às autoridades que agiram de acordo com a LGPD.
Em entrevista à ConJur, a advogada sugeriu melhorias à LGPD, declarou que a área trabalhista é a que mais tem recebido pedidos de proteção de dados e ressaltou a importância de sistemas de inteligência artificial evitarem discriminações.
Veja outras entrevistas de agosto:
* Elisa Cruz, defensora pública: “Criança precisa ser vista como pessoa na discussão sobre guarda”
* Luiza Leite, especialista em proteção de dados: "Advogados devem cumprir obrigações de proteger dados"
* Luciana Aguiar, tributarista, economista e contadora: “Mudanças tributárias não podem desconsiderar impacto para o contribuinte”
* Isac Costa, professor e consultor em regulação financeira: "CVM ainda precisa detalhar normas do Marco Legal das Startups"
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