Olhar de fora

Políticos e intelectuais estrangeiros alertam para risco de uso político da PF

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27 de dezembro de 2021, 11h51

Por meio de uma carta organizada pelo deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), políticos e intelectuais americanos e ingleses alertaram para o risco de a Polícia Federal se transformar em um instrumento de perseguição de adversários do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do ano que vem.

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Estrangeiros estão de olho na atuação da Polícia Federal no governo Bolsonaro
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Os signatários do texto pedem que seja redobrada a vigilância sobre Bolsonaro, para que o presidente não use seu cargo para intimidar a oposição. São mencionadas na carta a recente operação da PF na residência do ex-governador do Ceará Ciro Gomes e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018. Ambos deverão ser candidatos à Presidência em 2022.

A carta, escrita em inglês, foi assinada pelos ingleses Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista, e Ken Livingstone, ex-prefeito de Londres, e pelos norte-americanos Noam Chomsky, linguista e filósofo, Oliver Stone, cineasta, Alfred de Zayas, ex-especialista independente da ONU para a democracia, Ilhan Omar, congressista democrata, e Mark Weisbrot, do Centro de Estudos em Política Econômica de Washington.

Além de Bolsonaro, a carta cita o ex-juiz Sergio Moro, outro que tentará ser presidente no ano que vem, como uma ameaça à ordem democrática. 

Leia a seguir a íntegra da carta traduzida para o português:

"Na quarta-feira, 15 de dezembro de 2021, a Polícia Federal do Brasil invadiu o apartamento de Ciro Gomes, candidato à presidência do Brasil, em Fortaleza, Ceará, e apreendeu aparelhos eletrônicos e papéis supostamente ligados a uma investigação de fatos que teriam ocorrido entre 2010 e 2013.
Ciro Gomes nunca foi condenado, nem mesmo acusado, de qualquer atividade corrupta em sua longa carreira política. À época dos eventos em questão, ele não exercia funções públicas — no governo estadual ou em qualquer outra parte da estrutura governamental do Brasil.
Essa operação de busca e apreensão sinaliza um novo e perigoso momento na corrida para as eleições presidenciais do Brasil em outubro de 2022. A Polícia Federal, diretamente sob o controle do presidente Bolsonaro — e com facções ainda leais ao ex-juiz Sergio Moro, o juiz corrupto que prendeu Lula em 2018 e agora também concorre à presidência —, agora serve para intimidar os oponentes de Bolsonaro na eleição. Os amigos do Brasil em todo o mundo devem expressar sua consternação com o uso descarado da Polícia Federal para fins de assédio político. Apelamos a todos os que se preocupam com o Brasil e com a causa da liberdade política no mundo a redobrar sua vigilância contra o uso do poder governamental para conter a oposição a Bolsonaro. O Brasil nunca precisou mais de nós".

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