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Para reorganizar dívidas, consultas para empréstimos pessoais cresceram 173%

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17 de dezembro de 2021, 17h21

Seja como consequência das medidas tomadas durante a pandemia gerada pelo coronavírus ou pela falta de organização das finanças, uma grande parcela de brasileiros está endividada. Somado a isso, a atual situação financeira do país não oferece muitas facilidades para quem está no vermelho.

Por um lado, o desemprego, que é de 12,6% segundo o IBGE, ou seja, 13,5 milhões de brasileiros estão desempregados atualmente. Isso gera a falta dinheiro disponível para movimentar a economia e consequentemente, faz com que muitos não consigam quitar suas dívidas nos prazos determinados e assim fiquem mais endividados ou inadimplentes.

Por outro lado, a inflação. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 1,25% em outubro, com esse valor, nesses dez meses acumula 8,4%. Nos últimos meses vimos o custo de vida aumentar constantemente, inclusive os itens básicos.

Com menor poder aquisitivo da renda e os boletos sendo cada vez mais altos, para poder enfrentar os gastos do dia a dia, muitos utilizam as diversas opções de crédito que estão disponíveis. Assim chegamos a um nível de endividamento de 74,6 pontos porcentuais de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), isto é, mais de 12 milhões de famílias brasileiras têm algum tipo de dívida.

Entre essas famílias endividadas, 25,6% estão atrasadas no pagamento e 10,1% já estão inadimplentes e, em suas condições atuais, não conseguirão terminar o ano sem dívidas. A principal forma de endividamento para os brasileiros é o cartão de crédito, 85,2% possuem contas desse tipo, seguido por 20,9% que possuem dívidas no carnê e 12,6% endividados com o financiamento do veículo próprio.

Empréstimos como solução para quitar as dívidas
Diante da falta de recursos, muitos optam por buscar dinheiro emprestado. De acordo com algumas fintechs dedicadas a ser intermediárias entre quem precisa de dinheiro e as instituições autorizadas para emprestar recursos, em outubro houve um aumento de 173% na procura de empréstimos pessoais em relação ao mesmo mês do ano passado.

Os empréstimos pessoais são, em geral, a alternativa mais procurada para quem precisa de dinheiro de forma rápida e com pouca burocracia. Se bem que cada instituição financeira determina os critérios a analisar antes de liberar capital, em geral os empréstimos pessoais têm poucos requerimentos.

Em contrapartida, tem juros mais elevados do que outros produtos financeiros, como o crédito consignado ou os créditos com garantias; e os prazos de pagamento são reduzidos.

Para quem está endividado e tem um trabalho com carteira assinada é recomendável aproveitar que em dezembro se faz o pagamento do 13º. Mas, se precisar de mais recursos, optar pelo empréstimo consignado, se tiver margem de crédito. Isso porque, apesar de ser um pouco mais demorado, os contratos desse tipo de operação têm custos menores e prazos mais longos para a quitação.

É preciso analisar cada situação para escolher a melhor solução. Mas simular um empréstimo hoje em dia não é suficiente, não basta analisar o custo efetivo total (CET) de várias operações e comparar como cada uma irá impactar no orçamento familiar futuro. Há alguns meses eram muito altas as chances de trocar uma dívida por outra, isto é, fazer um empréstimo com taxas de juros menores aos da dívida ativa, assim quitá-la e continuar pagando parcelas menores.

No entanto, nos dias de hoje essa é uma alternativa que deve ser muito bem pensada, pois o custo de fazer um empréstimo cada vez é maior e a tendência é que continue aumentando. Isso porque para o cálculo dos juros que serão cobrados em uma operação é tomada como referência a taxa Selic.

No ano passado a taxa alcançou seu mínimo histórico de 2%, valor que serviu para estimular o comércio e a produção, ativando, assim, a economia depois de meses de paralisação para evitar a propagação do coronavírus.

Porém, como medida para poder controlar a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) vem aumentando essa taxa para frear a demanda e assim conseguir que a inflação não continue aumentando. Atualmente a taxa Selic é de 7,75%, e está previsto que o Copom suba a taxa, entre 8,5% e 9,25%. Mas o mercado financeiro acredita que o ano de 2022 vai começar com a taxa básica de juros de 10% ou mais.

Em outras palavras, com o aumento da taxa Selic, os bancos e financeiras irão aumentar os juros das suas operações, tanto a dos empréstimos pessoais como também as do cartão de crédito. Por esse motivo, fazer um empréstimo com taxas fixas pode ser mais conveniente do que os créditos com taxas variáveis.

Porém, antes de assinar qualquer contrato, deve-se analisar muito bem a situação. Avaliar todas as opções, entre elas reduzir gastos ou gerar novas fontes de renda antes de adquirir uma nova dívida. Se não houver outra saída e se vale a pena trocar uma dívida por outra, avaliar as opções de crédito. Levando em conta que esse tipo de operação, se não for bem planejado pode se tornar uma bola de neve da qual é difícil sair.

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