Museu em Maceió apresenta a obra de Pontes de Miranda às novas gerações
16 de dezembro de 2021, 7h32
O Memorial Pontes de Miranda foi criado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL) e se localiza na própria sede da corte trabalhista alagoana. Sua inauguração se deu em 1994, resultado de uma iniciativa do desembargador Francisco Osani de Labor, na época presidente do TRT-19. Inicialmente, o espaço dedicado ao jurista era de tamanho modesto, mas uma ampliação se mostrou necessária em 1996, quando o museu ganhou um impulso inestimável: Amnéris Cardilli Pontes de Miranda, viúva do mestre, doou uma grande quantidade de objetos pessoais do marido, além de muitos de seus livros jurídicos e literários — estima-se que ele possuía cerca de 16 mil obras.
"O memorial tem como propósito maior preservar a obra de Pontes de Miranda, mas também disseminar sua ideias, que continuam até hoje na moda. Isso porque a ética nunca sai de moda, o respeito à democracia nunca sai de moda", disse Oswaldo Zaidan, coordenador do museu. "O nosso objetivo é levar aos jovens operadores do Direito, aos advogados recém-formados, aos estudantes de Direito, a compreensão de que é possível defender suas ideias, seus princípios, sem abandonar a essência da democracia, da justiça social".
Atualmente, o memorial possui três espaços: um deles, denominado Museu do Trabalho, conta com documentos históricos do TRT-19; o segundo, chamado de Espaço Pontes de Miranda, abriga objetos pessoais e fotografias do jurista; e o terceiro, a Biblioteca Pontes de Miranda, reúne as obras literárias e jurídicas que pertenceram ao mestre. O Decreto nº 36.571, de 30 de junho de 1995, determinou o tombamento do acervo museológico do memorial, que passou a integrar o patrimônio histórico, artístico e natural do estado de Alagoas.
O acervo é composto por mais de 4,5 mil itens, das mais variadas áreas do conhecimento. Estão lá raridades como a certidão de nascimento original de Pontes de Miranda, uma foto do engenho Frecheiras, em São Luís do Quitunde, onde ele teria nascido, mais de 150 pareceres jurídicos originais assinados pelo mestre e fotos de sua infância e de sua formatura, entre muitas outras relíquias.
"A gente tem no memorial o Pontes de Miranda em todos os seus aspectos: o jurista, o escritor, o poeta, o antropólogo, o biólogo, o físico, o matemático, o político, o diplomata. Ele é um exemplo de ser humano, um exemplo de que a mente humana pode ir muito além do que a gente imagina", comentou Zaidan.
Cultivar a memória de Pontes de Miranda não é a única função do museu, que incentiva e participa de projetos de pesquisa de alunos de graduação, pós-graduação, mestrado e até doutorado. Recentemente, o memorial foi agraciado com o Prêmio Selma Britto (honraria dedicada a recompensar os destaques da cultura de Alagoas) na categoria "Incentivo à Pesquisa Acadêmica".
* Nesta sexta-feira (16/12), a série especial sobre Pontes de Miranda continua com um artigo inédito do professor Marcos Bernardes de Mello, um dos maiores especialistas do Brasil na obra do mestre.
Outros textos da série:
— 'Pontes de Miranda é nosso maior jurista, mas infelizmente está sendo esquecido'
— Para estudiosos de Pontes de Miranda, sua obra tem profundidade sem par no mundo
— Maior livro jurídico de todos os tempos é o mais notável legado de Pontes de Miranda
— Pontes de Miranda teve encontro histórico com Albert Einstein e ousou criticá-lo
— Opinião: Breves notas sobre Pontes de Miranda e sua contribuição à ciência do Direito
— Opinião: A feitura das leis e sua interpretação na visão de Pontes de Miranda
— 'Apesar dos seus erros, o Direito brasileiro ainda é um dos melhores do mundo'
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