Racismo estrutural

Entidades ajuízam ação contra Ável e XP por processos seletivos discriminatórios

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18 de agosto de 2021, 19h05

A Educafro, a Frente Nacional Antiracista, a Associação Visibilidade Feminina e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos ajuizaram ação civil pública contra as empresas Avel Corretora de Seguros e Serviços Financeiros e XP Investimentos.

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Ável divulgou imagem que gerou debate sobre meritocracia e processo seletivo
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Na ação, as entidades pedem indenização de R$ 10 milhões por dano social e moral coletivo e que as empresas cumpram uma série de medidas para aumentar a diversidade. As duas empresas provocaram recentemente um debate público após a divulgação de uma foto da Avel com um grupo de mais de cem pessoas composto em sua quase totalidade por homens brancos e jovens.

Entre os 111 assessores de investimentos da Ável, apenas nove são mulheres. Na petição inicial, as entidades afirmam que a imagem divulgada pela empresa remete ao livro Admirável Mundo Novo, escrito por Aldous Huxley, em que se anteviu a formação de uma sociedade baseada em "clones, todos física e psiquicamente idênticos, preparados para seguir um pensamento monolítico e para reproduzir mecanicamente atribuições definidas por superiores desconhecidos".

As entidades argumentam que a imagem representa o oposto da imagem plural das democracias modernas e lembra que em comunicado, tanto a Ável, como a XP, reconheceram que não adotaram medidas concretas para coibir a conduta discriminatória de excluir negros, mulheres, pessoas com mais de 40 anos e portadores de deficiência.

"Quando se tem em mente que o racismo estrutural constitui uma das marcas principais da nossa organização social, é preciso que o Poder Judiciário opere no sentido do desmonte dessa estrutura, substituindo as práticas em que ela se funda por medidas afirmativas de outra conformação pública", diz trecho da inicial.

Responsável por ajuizar a ação, o advogado Márlon Reis explica que é preciso "apontar novos caminhos para a advocacia coletiva". "Nosso objetivo maior é demonstrar que a excessiva individualização da defesa jurídica prejudica o respeito aos direitos fundamentais e contribui para o excesso de demandas judiciais. Esse é um debate que precisa alcançar toda a advocacia brasileira".

Em nota, a XP informou que trabalha para aumentar a diversidade dentro da empresa. "A XP está comprometida a fazer transformações significativas e reconhece que a inclusão de pessoas negras na companhia e rede de parceiros é uma questão fundamental. Nosso compromisso com a Diversidade e Inclusão estabelece metas internas para aumentar a contratação, em todos os cargos, de pessoas negras, mulheres, LGBTQIA+ e PCDs. Além disso, contamos com o suporte de consultores externos e coletivos de trabalhadores. Estamos trabalhando, incansavelmente, para ser cada vez mais um agente de mudança da sociedade e do mercado financeiro."

Clique aqui para ler a inicial

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