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Pesos-pesados do PIB assinam manifesto contra "aventuras autoritárias"

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5 de agosto de 2021, 21h36

Grandes empresários, lideranças religiosas, entidades da sociedade civil e lideranças políticas divulgaram nesta quinta-feira (4/8) um manifesto em apoio ao sistema eleitoral brasileiro

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O comunicado, batizado de "Eleições serão respeitadas", afirma que há confiança no sistema de votação eletrônica — colocado em dúvida pelo pelo presidente, que não apresentou provas —, e que "a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias."

Um balanço parcial dos organizadores contava cerca de 6.000 novos subscreventes até o início da tarde desta quinta, mesmo dia em que o documento foi publicado na forma de anúncio em jornais, inicialmente com a assinatura de 267 pessoas. O texto está aberto para apoios na internet.

Somaram-se ao grupo personalidades ligadas ao setor financeiro, como Eduardo Mufarej, Guilherme Affonso Ferreira, José de Menezes Berenguer Neto e Reinaldo Pamponet,e acadêmicos como José Álvaro Moisés e Lilia Moritz Schwarcz.

Agentes de peso da área privada, como os empresários Luiza e Frederico Trajano, Jayme Garfinkel, Guilherme Leal, Horácio Lafer Piva e Carlos Jereissati Filho, e nomes ligados ao setor bancário, como Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal (Itaú Unibanco), já compunham a lista original.

Políticos, economistas, líderes religiosos, ativistas do terceiro setor, artistas e centenas de pessoas envolvidas no debate público também estão engajados na mobilização. A divulgação da carta começou a ser discutida na terça-feira (3/4), em resposta à escalada autoritária no discurso de Bolsonaro.

Presidente do banco Credit Suisse no Brasil e um dos signatários do manifesto, José Olympio Pereira diz que a gota d'água para a reação foi "a escalada de uma crise institucional que não pode continuar".

"A gente precisa se manifestar. Não dá para a gente assistir a isso calado. É ruim para o Brasil, para todo o mundo, inclusive para o governo. Está na hora de o governo rever a sua posição. Estamos vendo o princípio de uma recuperação econômica e queremos avançar", afirmou à Folha de S.Paulo.

O manifesto diz que "o princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos". E ressalta a confiança dos autores na Justiça Eleitoral, "uma das mais modernas e respeitadas do mundo", e no voto eletrônico.

"A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias. O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados", afirma o texto do informe.

Ainda que alguns dos signatários do manifesto tenham feito comentários em público sobre as razões do movimento, o objetivo geral é não personificar a mobilização. A intenção expressa nos bastidores é a de que o texto seja lido como resposta da sociedade civil, embora o foco no empresariado seja nítido.

Para o investidor e empresário Eduardo Mufarej, que também é fundador da escola de formação de candidatos RenovaBR, "é absolutamente inaceitável" o país gastar "um minuto que seja com a discussão do voto impresso" enquanto "passa por uma de suas maiores crises na história".

"A mensagem que passa é que mais uma vez estão querendo desviar o foco do que é realmente relevante e urgente no país, como a ausência completa de uma política educacional e o desmonte da pauta de combate à corrupção, entre outros tantos assuntos abandonados", diz o signatário.

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