A má gestão das vacinas no Brasil
10 de abril de 2021, 14h08
Em meio a uma pandemia que completa um ano, experimentamos sucessivos atos de governo que foram na contramão do interesse público. Quando se está diante de um problema de saúde pública, nada é mais importante do que termos um conjunto de ações coordenadas pelo governo federal, associadas às estaduais e municipais, cada qual no âmbito de suas respectivas competências. Lamentavelmente, convivemos com uma série de atos contraditórios, de ruptura dos entes federativos e de discursos que tensionaram as relações existentes na sociedade.
Atualmente, já compramos vacinas suficientes para imunizar a nossa população. Entretanto, convivemos com o imponderável fator tempo, na medida em que as doses só serão disponibilizadas ao longo do ano. O governo federal, em nome do sempre eficiente Programa Nacional de Imunização (PNI), não autoriza que estados e municípios adquiram por conta própria as vacinas, sob pena de requisição compulsória. Com isso, todos dependemos da eficiência de quem tinha o dever de liderar o processo, mas que, ao falhar, faz com que todas as estruturas administrativas também fracassem em relação às suas responsabilidades. Enquanto convivermos com incertezas, seja em relação à doença ou ao ritmo da vacinação, todos sofreremos, incluindo o comércio, prestadores de serviços, as famílias e a sociedade em geral.
Todos os pesquisadores afirmam que só a vacinação em massa será capaz de restabelecer o "velho normal". E, em nome dessa ampla imunização, questionamos: não seria o caso do governo federal, em acordo com os demais entes federativos e com a própria iniciativa privada, liberar a compra responsável dos imunizantes por terceiros, sem confiscos, permitindo, mediante critérios, a vacinação regionalizada? Ou será que a vaidade, uma vez mais, haverá de suplantar o interesse maior da população?
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