Chapa quente

Advogado acusado de cooptar clientes da "lava jato" é alvo de buscas

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23 de outubro de 2020, 9h31

O advogado Nythalmar Filho é alvo de cinco mandados de buscas que estão sendo cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (23/10). Ele foi acusado de cooptação indevida de clientes da "lava jato" que já tinham defesa constituída.

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Nythalmar é suspeito de utilizar o nome do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e de procuradores para oferecer facilidades a alvos da operação, conforme já havia sido noticiado pela ConJur. Segundo o G1, representantes da OAB-RJ acompanham as buscas.

Uma denúncia registrada em março de 2019 no Tribunal de Ética da OAB do Rio, feita por criminalistas do Luchione Advogados, afirmava que Nythalmar Dias Ferreira Filho vinha aliciando réus e investigados na operação com advogados já constituídos, sem a anuência destes. O escritório diz já ter presenciado Nythalmar "vendendo facilidades" a investigados e réus e oferecendo acordos de delação premiada.

A reclamação dizia ainda que "há rumores no meio da advocacia criminal que na ilegal cooptação estaria inclusive sendo aventada a possível 'aproximação' com o juiz e promotores da força tarefa da Lava-Jato, no sentido de alcançar seus objetivos". O juiz referido era Marcelo Bretas.

Nythalmar nega todas as acusações. À época, por e-mail, negou que tivesse cooptado clientes de outros advogados e afirmou que preza pela ética e boas práticas.

Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, os advogados que apresentaram a denúncia prestaram depoimento à Polícia Federal na semana passada.

Peixes grandes
Dono de um pequeno escritório no Rio de Janeiro, Nythalmar Dias Ferreira Filho chamou atenção pelos clientes conquistados. Antes defendidos por bancas renomadas, Fernando Cavendish e Pedro Corrêa foram alguns dos que decidiram migrar para o escritório de Nythalmar.

Também entre os clientes de Nythalmar está o empresário Carlos Felipe da Costa Almeida de Paiva Nascimento, dono do Esch Café, que foi alvo de um mandado de prisão preventiva emitido por Bretas em 2018 e atualmente está foragido. Neste mês, Bretas topou ser homenageado por uma entidade patrocinada pelo Esch.

Segundo o jornal O Globo, o advogado teria ainda tentado conquistar o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, mas este teria negado a proposta de mudar de advogado. A ascensão do Nythalmar foi narrada em reportagem da Folha de S.Paulo

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