'Vaza Jato'

Procuradores do Paraná se mobilizaram para que juiz aliado assumisse lugar de Moro

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13 de outubro de 2020, 10h41

Diálogos divulgados nesta terça-feira (13/10) pelo site The Intercept Brasil revelaram que os procuradores da República do Paraná atuaram nos bastidores para que um juiz aliado sucedesse Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba. 

Fernando Frazão/Agência Brasil
Dallagnol e outros procuradores articularam para que juiz aliado assumisse cargo de Moro
Fernando Frazão/Agência Brasil

As articulações, encabeçadas por Deltan Dallagnol, então coordenador da "lava jato" no Paraná, começaram pouco depois de Moro anunciar que assumiria o Ministério da Justiça. 

"Caros, vamos visitar as pessoas que seria bom que assumissem a 13ª Vara para convencê-las. Vou levantar nomes bons e convidar quem puder pra irmos estimular. Isso é crítico para nosso futuro", afirmou Dallagnol a outros membros do consórcio de Curitiba em 9 de janeiro.

O procurador listou possíveis sucessores de Moro, apontando aqueles que seriam bons ou maus candidatos. O primeiro alvo da "lava jato" foi o juiz Eduardo Vandré, considerado péssimo por Dallagnol. "O risco é a posição 6, o Vandré. Precisamos de um coringa, alguém que se disponha a vir até o número 5 e renuncie se o Vandré se inscrever".

Januário Paludo explicou o motivo da desconfiança: Vandré "era PT" e "não gosta muito do batente". Com isso em vista, os procuradores buscaram garantir a candidatura dos cinco juízes mais bem posicionados na lista de antiguidade, tirando Vandré da disputa. 

O preferido era o juiz Danilo Pereira Júnior. Por conta do regimento interno do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no entanto, o magistrado estava impedido de assumir o cargo, já que chefiava uma vara com a mesma especialidade daquela em que Moro atuava. 

O impedimento não foi o bastante para conter os procuradores, que cogitaram convencer o então presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, a autorizar a candidatura.

Quem acabou assumindo o posto de Moro foi o juiz Luiz Antônio Bonat, visto como uma boa opção pelos procuradores. De acordo com os diálogos, Paludo e Dallagnol viam Bonat como um instrumento para impedir que um candidato indesejável assumisse o cargo deixado por Moro.

Os procuradores acreditavam, no entanto, que o magistrado não teria pique para assumir os processos da "lava jato". A ideia, então, foi a de fazer do juiz uma espécie de "fantoche". Ele assumiria a 13ª Vara, mas teria juízes assessores trabalhando "por trás". Nada indica que o plano "mirabolante" dos procuradores tenha sido concretizado.

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