Versão brasileira

Me Too completa 2 meses no país com mais de 70 denúncias recebidas

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25 de novembro de 2020, 21h29

O dia 25 de novembro foi estabelecido como o "Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a mulher", proclamado em 1999 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Para o Me Too Brasil, todo dia é dia no combate a essas agressões. Há exatos dois meses foi lançado o projeto brasileiro e desde lá mais de 70 mulheres fizeram denúncias de abusos sexuais nos canais virtuais da instituição e pela rede de voluntárias Justiceiras. 

No dia internacional da eliminação da violência contra mulher, o movimento se adapta à realidade brasileira
Reprodução/TV Brasil

O movimento para dar visibilidade às denúncias de abuso sexual fundado por Tarana J. Burke, nos Estados Unidos, serviu de inspiração para o Me Too Brasil, que já se adaptou às particularidades do país. Mesmo tendo perfis no Instagram, Twitter e ter um website, grande parte das denúncias chega por WhatsApp. Além desses canais, o projeto brasileiro também é parceiro do Justiceiras, que traz a expertise de atendimento de mais de 4.000 voluntárias em todo o país, atuando nas áreas jurídica, psicológica, socioassistencial, rede de apoio, acolhimento e rede médica.

"Somamos esforços com o Justiceiras, uma rede de apoio já estabelecida no país, que tinha como foco principal denúncias relacionadas à violência doméstica. Já o Me Too traz na sua essência um impulso para que vítimas de abuso sexual originárias de relações de poder nas mais diversas formas também procurem por acolhimento e ajuda", afirma a advogada Mariana Ganzarolli, fundadora do Me Too Brasil.

No entendimento de Marina, o movimento vai passar a receber mais queixas na medida que for se tornando mais popular e conhecido. "Trabalhamos para que todas as pessoas, inclusive homens, independente da razão do abuso, busquem os canais de denúncias que disponibilizamos. Somente com informação podemos ajudar a diminuir o número de casos. Muitas vezes, um abusador é, na verdade, um predador, ou seja, não pratica esse tipo de crime apenas uma vez, faz uma série de vítimas", explica Ganzarolli.

Porém, a realidade encontrada nas denúncias atuais que chegam ao Me Too Brasil ainda contam uma história muito parecida. A maioria das queixas recebidas foi de estupro de vulnerável contra meninas entre 9 e 10 anos, violentadas por familiares como padrasto, tio ou primo mais velho.

"Infelizmente, a realidade do abuso sexual no Brasil, em sua maioria, ainda é a da pedofilia. Grande parte das denúncias que recebemos trazem esse retrato, onde o agressor está dentro de casa", afirma a advogada.

Idealizado por Ganzarolli, em parceria com a promotora de Justiça Gabriela Manssur, o MeToo Brasil pode ser acessado através do WhatsApp (11) 99639-1212, o site, pelo Instragram @brasilmetoo ou pelo email: [email protected]

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