Semana Promocional

Em respeito aos negros, Defensoria pede que comércio não use termo "Black Friday"

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7 de novembro de 2020, 15h30

O Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Amazonas pediu que comerciantes do estado não utilizem o termo "Black Friday" em referência à última sexta-feira de novembro, dia em que as lojas tradicionalmente diminuem os preços dos produtos.

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Na Black Friday, empresas diminuem preços dos produtos
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O pedido é direcionado à Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus e à Associação Comercial do Amazonas. Nele, a Defensoria diz que no Brasil o termo é utilizado fora de contexto e que tem "conotação de discriminação racial ao dizer que o dia 'preto' é promocional". 

No lugar de "Black Friday", é recomendado a utilização de "Semana Promocional". A mudança visa, de acordo com a Defensoria, "o respeito às comunidades afrodescendentes diretamente afetadas pela utilização atual do termo". 

O texto é assinado por Christiano Pinheiro da Costa, coordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor, e Leonardo Cunha e Silva de Aguiar, titular da 2ª Defensoria Pública de Atendimento ao Consumidor. 

Origem do termo
Em entrevista ao UOL, Fabio Mariano Borges,  professor de sociologia de consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirmou que existem duas teses sobre a origem da expressão "Black Friday". 

A primeira remonta aos Estados Unidos escravagista do século 18. Segundo essa versão, vindos da África, negros escravizados eram comprados, agredidos e depois vendidos como mercadoria. 

A segunda é mais recente, remontando aos anos de 1950. Depois do feriado do Dia de Ação de Graças, comerciantes norte-americanos precisavam esvaziar os estoques e se preparar para o Natal. Por isso, diminuíam os preços dos produtos.

Segundo o professor, na área financeira "black" tem uma conotação equivalente ao "estar no azul" brasileiro. Levando isso em conta, ele diz que a segunda versão é mais plausível. 

De acordo com a Agência Lupa, é falso que a origem do termo tenha origens racistas. A checagem afirma que a relação com o racismo é um boato que circula no Brasil pelo menos desde 2015.

Uma série de empresas no país discutem se o termo deve ser usado. A Boticário, por exemplo, anunciou que não utilizará a expressão em 2020. O mesmo é estudado pela Adidas. 

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