Pensamento progressista brasileiro perdeu a bandeira da ética, diz Barroso
19 de março de 2020, 14h43
"Hoje se criou no Brasil uma dualidade que nos faz mal. A gente tinha que ter um pacto de integridade. Estabelecida essa premissa básica. Aí você terá pessoas mais liberais, mais progressistas ou mais conservadoras, porque a democracia tem espaço para todo mundo. Mas a ideia de que você ser honesto é uma coisa de direita é muito ruim, é muito feia, e é uma tragédia para o país."
Segundo o ministro do STF, criou-se uma polarização no pensamento político e social que não é apenas um fenômeno brasileiro. "O mundo vive nesse momento três ondas que se superpõem: o conservadorismo, o populismo e o autoritarismo. Quando se juntam, você cria uma crise democrática, em que líderes são eleitos pelo voto popular com uma forte veia autoritária."
Um dos criadores do programa de pós-graduação em Direito Público da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Barroso diz acreditar que as democracias reduziram a pobreza, mas não a extrema concentração de riqueza. E esse desconforto tem levado instabilidade a países há até pouco pareciam viver uma estabilidade política, institucional e social.
"Se você olhar o Chile, por exemplo, que foi o país da América Latina que mais cresceu nos últimos anos. Estive lá em julho. Tudo me parecia bem, pacífico, gente alegre. De repente irrompe uma inquietação, como é que eu a justificaria? Houve uma ascensão social. As pessoas se tornaram mais conscientes, mais exigentes e perceberam que a desigualdade era extrema. E reagiram a isso."
A partir desta quarta-feira (18/3) a TV ConJur veicula em seu canal no YouTube trechos da entrevista exclusiva concedida à revista eletrônica Consultor Jurídico, no último dia 10.
Leia aqui e aqui as entrevistas já publicadas e abaixo o primeiro vídeo da série:
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