Após tuíte de Eduardo Bolsonaro, Araújo diz esperar retratação de embaixador chinês
19 de março de 2020, 20h56
O ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo rebateu nesta quinta-feira (19/3) o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, além de cobrar do governo chinês uma retratação, após o diplomata ter contestado declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
O chanceler brasileiro afirmou ser "inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreu ontem à noite". A declaração foi feita via Twitter. Araújo também disse que o governo brasileiro tem a "expectativa de uma retratação" da parte de Yang Wanming.
Entenda o caso
O primeiro capítulo do imbróglio foi uma postagem do deputado Eduardo Bolsonaro, também via Twitter, na noite desta quarta-feira (18/3). Ele afirmou que a culpa pela pandemia de Covid-19 é da China.
Em resposta, o embaixador da China no Brasil afirmou, por tuíte: "A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados. @BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia". Os perfis de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, foram marcados.
A própria embaixada da China também respondeu ao tuíte infeliz do deputado, dizendo que ele contraiu "vírus mental" ao voltar de Miami. "As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos", publicou a embaixada.
Questão de estado
A manifestação do chanceler brasileiro eleva o assunto a questão de estado, pois, até então, a provocação à China havia sido feita apenas por uma parlamentar — embora seja filho do presidente da República, seu cargo é apenas de deputado federal, não representando a posição oficial do governo.
Além disso, a nota de Araújo faz menção a "postagem ofensiva ao Chefe de Estado do Brasil". Contudo, não se tem notícia de que o embaixador da China tenha se referido ao presidente Jair Bolsonaro.
Confira a íntegra da manifestação de Ernesto Araújo:
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