Reconhecimento Equivocado

Júri no Tocantins inocenta homem que ficou quase dois anos preso por engano

Autor

10 de março de 2020, 17h15

O Tribunal do Júri da Comarca de Paraíso, em Tocantins, inocentou um jovem de 25 anos que estava preso desde junho de 2018 acusado de homicídio qualificado. Segundo a decisão, tomada na última sexta-feira (6/3), o rapaz foi confundido.

123RF
Homem ficou preso por engano durante quase dois anos
123RF

O caso diz respeito a uma briga de bar ocorrida em novembro de 2017 e que resultou em um assassinato. De acordo com os autos, um dos envolvidos na discussão deixou o estabelecimento, mas foi seguido por dois sujeitos que estavam em uma moto. Após ser alcançado, acabou recebendo quatro facadas do criminoso, que estava na garupa.

O jovem inocente foi equivocadamente reconhecido como o autor do ataque. "A polícia entrou em casa à força, me pressionando a assumir um crime grave, mas desde o início neguei o fato. Na verdade eu nem sabia do que se tratava", afirmou o rapaz. A prisão preventiva foi decretada junho de 2018.

A detenção aconteceu porque ele supostamente se parece com o verdadeiro autor do assassinato. Imagens de uma câmera próxima ao local, no entanto, mostram que o homicida é bem mais alto que o acusado.

A defensora pública Letícia Amorim, responsável pela defesa do rapaz, disse estar aliviada pela decisão, mas indignada pelos erros presentes no caso. 

"[Foi] uma investigação falha que fere os direitos mais básicos do cidadão, como a própria liberdade. Nenhuma indenização que o assistido receba irá lhe devolver esses anos que ele passou no cárcere", disse. 

"Fernando"
As investigações apontam como assassino um homem chamado Fernando, que ainda não foi identificado. O nome foi dado após o condutor da moto ser identificado e preso. Ele admitiu que conduziu o assassino, mas disse não saber quais eram as intenções do criminoso. 

Durante o julgamento, na condição de testemunha, o piloto disse não reconhecer o jovem como sendo o assassino. "Eu nunca vi esse cara na vida. Hoje, aqui, é a primeira vez que eu vejo esse rapaz", disse durante a sessão do Tribunal do Júri.

A promotoria também entendeu que houve uma falha durante as investigações, defendendo então que o acusado fosse solto, já que não havia certeza necessária para a condenação.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!